segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mother


Mais um filme coreano chega às nossas telas por caminhos tortuosos. Depois de ter sido bastante elogiado por conta de sua passagem pelo Festival do Rio de 2009, Mother foi mostrado para a imprensa há mais de dois meses e simplesmente não estreou na data originalmente estipulada (não lembro exatamente qual era, mas isso foi próximo do carnaval). Pelo menos, foi o que ocorreu aqui no Rio. Nem os distribuidores do longa sabiam explicar o que aconteceu. Previ que a cidade maravilhosa só veria o novo longa de Bong Joon-ho (diretor de O Hospedeiro e um dos episódios de Tokyo!), nas limitações da telinha do DVD. E não é que na última sexta, do nada, Mother aparece nas telonas cariocas? Mas é como dizem: antes tarde do que nunca.

Em seu quarto longa-metragem, Joon-ho surpreende pela maturidade que alcançou desde o divertido, porém tosco, O Hospedeiro. Podemos considerar Mother uma fábula pervertida sobre a que extremos um amor incondicional pode chegar. Tanto que a mãe do título não tem um nome. È como se ela não tivesse identidade, não existisse fora do seu universo materno. A mãe vive para cuidar de Do-joon, o filho de 29 anos com deficiência mental. Uma cena bastante significativa é quando ela corta o próprio dedo e não percebe de imediato que se feriu, de tão absorvida que estava em manter o filho sob suas vistas. Do-joon divide a cama com a mãe, mas não com a postura do adulto incestuoso e sim como o bebê que busca o seio materno por instinto.

Imaginem o que acontece na cabeça dessa mulher quando um dia esse filho é acusado de ter assassinado uma jovem. É bem verdade que as provas contra ele são circunstanciais, mas acaba sendo bem fácil condenar um suspeito que teve meios, oportunidade e, para culminar, não consegue articular nada em sua defesa. O longa também aborda um tema recorrente no cinema coreano, que é a incompetência e preguiça da polícia local. Vale ressaltar que cineastas coreanos distintos soam parecidos na hora de dar uma alfinetada nas autoridades.

É então que a mãe coragem, privada do sentido de sua vida, encontra um novo rumo: investigar a fundo o que realmente aconteceu e buscar, ela mesma, provas que inocentem Do-joon. Quando o espectador pensa que o filme vai descambar para o policial clássico, a trama ganha novo e inesperado fôlego. Porque, muitas vezes, a busca pela verdade tem efeitos colaterais. E é claro que quando falamos em cinema coreano o espectador também deve esperar um flerte com o bizarro e o tragicômico, algo do qual este filme também não está isento.

Prefiro me abster de falar mais sobre o filme para não estragar a surpresa do espectador nessa viagem de amor materno extremado. Vale muito a pena conferir!

Curiosidade: enquanto Mother chegou sem aviso, o também coreano Sede de Sangue, resenhado no post abaixo e que deveria ter estreado 2 de abril, é o sumido da vez. Será que daqui a dois meses ele aparece?

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