quinta-feira, 12 de abril de 2012

À Toda Prova


OK, eu confesso: tenho uma implicância enorme com o diretor Steven Soderbergh. Aliás, essa implicância vem desde que o moço surgiu no cenário cinematográfico em 1989 com Sexo, Mentiras e Videotape – um bom filme sim, mas longe de ser essa cocada toda. De lá para cá, sua filmografia tem variado entre longas mais comerciais, como Erin Brockovich e a franquia Onze Homens e Um Segredo, e seus projetos mais autorais. E são justamente esses que não convencem, talvez porque traem aquele Soderbergh se leva a sério demais, como é o caso de Solaris, Bubble, Confissões de uma Garota de Programa e, ainda, as duas partes de Che e o oscarizado Traffic.

À Toda Prova certamente é um daqueles filmes que Soderbergh realizou só para pagar algumas contas, sem nenhuma pretensão artística ou traço autoral. E não é que o filme surpreende, justamente por revelar-se uma boa diversão descompromissada? A produção é bem-sucedida naquilo que se propõe a ser: apenas um longa de ação bem amarradinho, com um ritmo vibrante e mais um elenco daqueles que o prestígio do cineasta – e isso é algo que não se pode questionar – sempre consegue reunir.


Se em seu último filme, Contágio, Soderbergh desperdiçava o incrível elenco em personagens insossos e que eram deixados de lado pelo roteiro, aqui essa mesma característica é usada de um modo positivo, a favor do filme. Um exemplo disso é o desprendimento de “rifar” da trama um dos grandes nomes do elenco em uma cena que realmente pega o espectador de surpresa.

A trama se desenvolve ao redor de Mallory Kane, uma talentosa e bem treinada ex-agente da CIA cooptada pelos atrativos da iniciativa privada. Inquieta e independente, Mallory está prestes a deixar seu chefe e ex-namorado Kenneth, mas este lhe pede que atue em um último e rentável trabalho, que acaba se revelando uma perigosa armadilha. Mallory consegue escapar, mas tem pouco tempo para descobrir respostas para a traição da qual foi vítima.

Uma decisão arriscada, mas que acabou dando certo, foi escalar a lutadora Gina Carano para o papel principal, ainda mais considerando que ela teria como coadjuvantes Ewan McGregor, Michael Douglas, Michael Fassbender e Antonio Banderas, dentre outros. E Gina, mesmo não estando no mesmo patamar destes astros em termos de atuação, compensa a inexperiência com seu rosto de traços fortes e uma boa presença cênica, além, é claro, da total desenvoltura nas cenas que exigem mais ação física.


À Toda Prova lembra um pouco Efeito Dominó, longa inglês de grande sucesso por sua capacidade em agradar um público mais exigente sem deixar em segundo plano os aficionados do gênero ação. Claro que não é filme que emocione ou convide à reflexão, mas satisfaz como um passatempo para assistir munido de pipoca e guaraná, naqueles dias em que o objetivo é relaxar e deixar os problemas fora da sala escura. Amanhã nos cinemas. 

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