quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Vida dos Peixes


O chileno Matias Bize é figurinha carimbada do Festival do Rio, já que seus dois longas anteriores passaram por aqui: Na Cama (em 2006) e O Bom de Chorar (em 2007). Em 2010, o cineasta veio pessoalmente apresentar seu quinto longa-metragem, este sincero e comovente A Vida dos Peixes. Dentro do estilo "antes tarde do que nunca", eis que o filme chega ao circuito comercial com quase dois anos de atraso.

Com uma estrutura que se apóia quase 100% nos diálogos e na interpretação, o filme fala sobre as marcas deixadas por um rompimento mal-resolvido. Andrés escreve guias de turismo e vive em Berlim há dez anos, mais ou menos o tempo que tem de separado da grande paixão de sua vida, Beatriz. Assim como o personagem de George Clooney em Amor Sem Escalas, ele vive viajando e isento de grandes laços de afeto. Com o agravante de estar entre dois mundos: é um estrangeiro onde fixou residência e já não pertence ao Chile. É nesse estado de ânimo que ele retorna ao país natal para se desfazer definitivamente de seus bens, ou seja, para realizar a ruptura definitiva. Mas um último encontro com os amigos e com Beatriz pode reabrir diversas feridas do passado.

O que muito me impressionou no filme foi sua, digamos, economia. A Vida dos Peixes nunca se alonga além do necessário, o que fica ainda mais evidente na precisão cirúrgica de seu desfecho. Bize – que também é co-autor do roteiro – revela toda a vida interior daqueles personagens através de diálogos que nunca soam explicativos e, principalmente, de atuações na medida certa de todo o elenco. Andrés tem a tendência a fugir de seus problemas ao invés de encará-los e Beatriz parece ter uma percepção mais clara disso do que ele mesmo. Grande destaque para o monólogo dela, que deixa Andrés claramente sem palavras diante de sua corajosa atitude.

Não que isso tenha muita importância, mas um filme tão legal poderia ter um título melhor. A explicação de que peixes nadam e não chegam a lugar nenhum e as cenas diante do aquário não anulam o fato de que o título é desinteressante.

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