terça-feira, 9 de julho de 2013

O Cavaleiro Solitário


O Cavaleiro Solitário foi um daqueles filmes que levou tanto tempo para ficar pronto que as pessoas quase se esqueceram de que ele estava sendo feito. Mas certamente não os estúdios Disney, que viam o orçamento estourar e as filmagens se atrasarem a cada dia, tendo, inclusive, paralisado a produção por algum tempo. Eis que finalmente o filme mais caro deste ano chega aos cinemas.

Muita gente se recorda do Cavaleiro Solitário – ou Lone Ranger – graças a um seriado de TV produzido nos Estados Unidos entre 1949 e 1957 (aqui no Brasil, veiculado no início dos anos 60). Mas sua origem é ainda mais antiga, já que o caubói mascarado foi originalmente criado para uma novela de rádio nos anos 30 e, antes de ganhar as telinhas, também estrelou diversas HQ’s. Mais do que o índio Tonto ou o cavalo branco Silver, o grande ícone do seriado era a característica abertura ao som de William Tell Overture, de Rossini.


O filme dirigido por Gore Verbinski e estrelado por Armie Hammer e Johnny Depp vai buscar as origens do protagonista: como ele virou um justiceiro, seu encontro com o índio Tonto, o porquê da máscara, etc. Desde o princípio fica muito evidente a tentativa do diretor em recriar seu filme mais famoso, Piratas do Caribe. A começar por Tonto, que parece Jack Sparrow em versão indígena. Conforme o filme avança, é inevitável a sensação de déjà vu: os mesmos cacoetes, piadinhas fora de hora, caracterização pop para revisitar um gênero tradicional, enfim, Verbinski fez basicamente o mesmo filme. O problema é que muita coisa que funcionou em Piratas do Caribe ficou forçado e sem graça quando transposto para o velho oeste – talvez por já não ser novidade – e, assim, o filme fracassa como paródia e perde a oportunidade de ser um western autêntico.

Fora isso, algumas decisões permanecem inexplicáveis: por que escalar uma atriz talentosa como Helena Bonham Carter para um personagem dispensável e que só aparece em duas sequências? Por que realizar um filme de duas horas e meia de duração, dessa forma afastando o público infanto-juvenil que poderia ser uma via de escape para salvar as bilheterias? Considerando que não há uma trama complexa que justifique a metragem excessiva, certamente quarenta minutos a menos deixariam o ritmo menos claudicante e o produto final um pouco mais vendável.


O que sobra de interessante? Vejamos. Johnny Depp, mesmo repetindo Jack Sparrow, é uma figura simpática e um ator eficiente (imaginem o mesmo filme com Adam Sandler no papel). Armie Hammer tem lindos olhos azuis que podem suscitar algum interesse estético, assim como a fotografia bonita e direção de arte idem. Perto do desfecho, a enorme sequência da perseguição ao trem torna-se bacana de ver na telona pelo fato de ser embalada pela já citada música-tema. Mas esses parcos e esparsos pontos de interesse justificam tantos milhões investidos? 

Uma curiosidade: o pessoal que era criança nos anos 60 conheceu o Lone Ranger como “o Zorro de revólver”. Isso porque o personagem foi erroneamente batizado de Zorro quando chegou à TV, criando uma enorme confusão quando começaram a passar filmes do Zorro de verdade, que passou a ser chamado de “Zorro de espada”. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário