quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O Hobbit: A Desolação de Smaug


Com a chegada de dezembro, nos preparamos para assistir a mais um filme de Peter Jackson. Foi assim entre 2001 e 2003 e voltamos a adquirir este hábito no ano passado. Os três filmes de O Hobbit – ciclo que será encerrado somente em dezembro do ano que vem – narram os acontecimentos que antecedem a trama de O Senhor dos Anéis e têm como protagonista Bilbo Baggins, o tio de Frodo. No longa anterior, vimos como Gandalf convence o pacato Bilbo a partir em uma aventura e integrar a comitiva de Thorin Escudo de Carvalho, rei dos anões que pretende recuperar seu reino sob a montanha. Algumas gerações antes, eles haviam sido expulsos do reino depois que sua riqueza e excessiva ostentação atraíram a cobiça do dragão Smaug. Neste segundo segmento, retomamos a busca pela pedra sagrada em poder de Smaug que possibilitaria que Thorin voltasse a reinar. Para tanto, eles contam com as habilidades do pequeno e furtivo Bilbo.

O maior entrave para a fluência não apenas deste filme, mas de toda a trilogia, se resume a isso: Peter Jackson pegou mania de fazer filmes com três horas de duração até quando não há necessidade nenhuma disso. Enquanto os três episódios de O Senhor dos Anéis eram uma sensata adaptação de uma saga literária que se estendia ao longo de mais de mil páginas, a trilogia da qual este filme é o segmento central tem como ponto de partida um único livro – é bem verdade que ultimamente também as editoras andam fazendo edições de luxo e desmembrando o livrinho, mas na origem ele era bem fino. Mas voltemos a Peter Jackson, que resolveu transformar esta introdução à saga dos anéis em outra franquia milionária. Resultado: além de cenas esticadas além do necessário, há sequências inteiras que estão ali somente para engordar a metragem do filme. Ainda que Jackson realize tudo isso com competência e esmero visual, é difícil não perceber que a trama não possui recheio para tanto.


Porém sejamos justos: para um filme com tão pouco a narrar, O Hobbit é bem sucedido em impor um ritmo bacana à sua longa projeção. O espectador não terá nenhuma dificuldade em passar duas horas e quarenta minutos entretido pelo visual estonteante (que se torna ainda mais caprichado pelo bom uso do 3D) e pela adrenalina que permeia as cenas de batalha. Também o elenco segura a onda do filme e a atenção do espectador. O grande acerto sem dúvida foi a escalação do britânico Martin Freeman para o papel de Bilbo, ator versátil e que vinha sendo muito elogiado como o Watson da minissérie da BBC Sherlock. Também Richard Armitage faz bonito como Thorin, o rei dos anões, enquanto ter Sir Ian McKellen como Gandalf é um luxo que dispensa explicações. Os demais atores do elenco cumprem bem seus papéis ou, pelo menos, não atrapalham.

Resumindo, não deixa de ser curioso perceber que a grande deficiência do filme vem de algo que, na verdade, não vemos na tela: a falta de bom senso de Peter Jackson na fase de concepção do projeto. Em todo caso, considerando-o como entretenimento ou espetáculo visual, o filme vale o ingresso.


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