quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Fruitvale Station – A Última Parada


É a última noite de 2009. Oscar Grant, 22 anos, sai para festejar com a namorada e os amigos no centro da cidade de Oakland, Califórnia. Para poder beber à vontade sem provocar um acidente de trânsito, Oscar aceita o conselho da mãe e convence todos a irem de metrô. No retorno para casa, o azar de estar no mesmo vagão que um grupo com o qual haviam se desentendido anteriormente. Confusão. O trem é parado pela segurança. Oscar e alguns amigos são detidos e encontram-se já dominados quando um guarda nervoso e inexperiente dispara contra ele. Esses são os fatos que encheram as manchetes policiais e serviram de base para este filme.

Com um subtítulo em português que parece querer fazer alguma correlação maluca com Última Parada 174, o longa de estreia de Ryan Coogler já ganhou dezenas de prêmios, entre eles o grande prêmio do júri do Sundance Festival, melhor primeiro filme do New York Critics Circle e o Avenir Prize da Mostra Un Certain Regard de Cannes. O diretor e roteirista já declarou se sentir muito próximo da história, não somente por ser oriundo da mesma cidade e por ser coetâneo de Oscar, mas principalmente por estar nas proximidades do local naquela noite. Mas o olhar carinhoso sobre os personagens não atrapalha a sua objetividade: Coogler sabe que tem em mãos uma história forte e opta por contá-la em tom naturalista e direto.

A narrativa se concentra toda no fatídico último dia de Oscar Grant: a discussão com a esposa, a tentativa de recuperar o emprego perdido, a vontade sincera de querer começar uma nova vida no caminho da honestidade, o jantar em família na casa da mãe, enfim, cenas cotidianas que ganham um tom de fatalidade pelo fato de já sabermos o que aguarda o protagonista ao fim daquela noite. Implícita também fica a ideia do quão pouco domínio realmente temos sobre nossas vidas.


Michael B. Jordan, ator que tem mais trabalhos televisivos do que cinematográficos no currículo, apresenta ótima atuação como Oscar Grant. No papel de sua mãe, a sempre talentosa Octavia Spencer. As cenas entre mãe e filho, aliás, são as mais comoventes do filme.

Frutivale Station é um belo filme e um relato impressionante da truculência e despreparo das forças que deveriam manter a ordem – um problema que infelizmente conhecemos de perto.  

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