terça-feira, 7 de julho de 2009

17 Outra Vez



A situação do personagem estar em um corpo diferente do seu é um mote mais velho do que andar pra frente nas comédias americanas. Seja por possessão (Um Espírito Baixou em Mim), troca de identidade (Sexta-Feira Muito Louca e Vice Versa) ou realização do desejo de ser mais velho (Quero Ser Grande e De Repente, 30), volta e meia aparece um filme onde alguém se vê às voltas com um corpo que não lhe pertence. 17 Outra Vez encaixa-se no último caso, com a única diferença de que o protagonista é um homem adulto que volta a ter sua aparência de 17 anos.

No seus bons tempos do colegial, Mike O’Donnell foi um astro do basquete e tinha um futuro promissor como atleta. Mas na noite em que deveria ser descoberto por um olheiro, sua namorada Scarlet lhe revela que está grávida e ele resolve abrir mão de tudo para arrumar emprego e se casar. Vinte anos depois, Mike está completamente insatisfeito com sua vida. Seu casamento está desmoronando, já que ele criou o hábito de culpar Scarlet por todos os dissabores; a promoção pela qual batalhou foi dada a outra pessoa; seus filhos adolescentes o acham um chato e mal lhe dirigem a palavra. A única pessoa que o compreende é Ned, o amigo nerd do colégio que ficou milionário.

Ao visitar o antigo colégio, Mike é tomado pela nostalgia e deseja ardentemente ter uma nova chance. Pronto! Ele tem dezessete anos novamente. Mas como explicar à família o que aconteceu? Como comparecer à audiência de divórcio no corpo de um garoto? Ned resolve ajudá-lo e inventa que Mike é seu filho bastardo, matriculando-o novamente na escola, onde ele é colega de classe de seus filhos. Tentando lidar com as inevitáveis confusões de voltar a ser adolescente e driblando os compromissos pendentes de sua vida adulta, Mike ainda terá que repensar as escolhas que fez vinte anos antes.

A partir desse argumento, já se pode adivinhar todo o restante do filme e também como a maioria das situações se desenrolarão. É claro que há uma mensagem edificante em prol da família e Mike vai descobrir a duras penas que é o único culpado pelo desfecho que as coisas tomaram em sua vida. Com certeza também vai compreender que tem filhos legais, que apenas estão desorientados, e uma esposa que ainda o ama apesar de todas as suas burradas e que foi ele próprio quem detonou esses relacionamentos. E é claro que não precisa ser médium para saber que toda aquela idealização da vida perfeita que ele teria se tivesse continuado na carreira de atleta não passa de ilusão da sua cabeça e que através dessa experiência ele vai aprender o real valor do que possui, etc e tal.


Na verdade, 17 Outra Vez é um filme realizado com um único propósito: mostrar ao mundo que o bonitinho Zac Efron sabe fazer mais do que cantar, dançar e ser o sonho de consumo das menininhas de quinze anos. Efron é conhecido basicamente pelos três longas da série High School Musical e também pela versão cinematográfica de Hairspray. Todos trabalhos essencialmente musicais, e certamente esse filme tem como intenção primordial provar que o rapazinho também sabe atuar. Bom, ele sabe. Menos mal. É claro que sua boa figura em cena é valorizada pelo fato de sua versão adulta ser Matthew Perry, a sem-gracice em pessoa.

Burr Steers, que dirigiu há alguns anos o interessante A Estranha Família de Igby e foi o roteirista de Como Perder Um Homem em 10 Dias, não tem muito o que dirigir aqui. A trama caminha frouxa para seu inevitável final feliz e não há muito o que fazer. O longa diverte em alguns momentos e tem algumas cenas engraçadas? Sim, é claro. Mas, como um todo, é dispensável para quem passou da adolescência e já não é mais afetado pelo azul brilhante dos olhos de Zac Efron. Estréia sexta-feira.

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