O filme conta a história de John Dillinger, audacioso assaltante de banco da década de 30. Charmoso, elegante e inteligente, o bandido ridicularizava a polícia e fascinava a população com suas fugas sensacionais. J. Edgar Hoover, que considerava a captura de Dillinger ponto de capital importância para conseguir um aumento de verba para seu FBI, coloca no seu encalço o incansável agente Melvin Purvis e autoriza que seus homens façam usam da força bruta para descobrir o paradeiro do inimigo público número 1 – o que desencadeia uma onda de violência policial sem precedentes.
O argumento acima tinha tudo para dar certo. Nas mãos de um Martin Scorsese, certamente renderia um dos melhores filmes do ano. Mas quem dirige é Michael Mann, cineasta que vem oscilando entre o razoável (Colateral) e o desastre total (Miami Vice). Inimigos Públicos, se não chega ao nível de calamidade deste último, tampouco chega a empolgar. É perda de tempo e, neste caso, bastante tempo, já são duas horas e vinte minutos de tiroteios barulhentos e pouco conteúdo. Ou teriam sido as incontáveis balas as verdadeiras responsáveis pelos buracos no roteiro? E olha que, para mim, falar isso de um filme protagonizado por Johnny Depp não é algo natural. Mas nem o incontestável brilho do ator atenua a sensação de frustração com o filme.
É bem verdade que Depp injeta uma aura de fascínio ao melhor estilo Humphrey Bogart no personagem, mesmo quando suas falas e atitudes carecem de profundidade. Mas quem era John Dillinger, além das bravatas públicas? O espectador continua sem saber. Marion Cotillard também engrandece suas cenas a despeito da limitação ainda maior do seu papel de mocinha-que-ama-o-malfeitor. E é o esforço individual deles que torna o filme digerível. Estranhamente, Christian Bale – em geral um bom ator – parece apático no papel do policial que persegue Dillinger. Está certo que seu papel não é dos mais simpáticos, mas tem-se a nítida impressão de que Bale está atuando de má-vontade.
O argumento acima tinha tudo para dar certo. Nas mãos de um Martin Scorsese, certamente renderia um dos melhores filmes do ano. Mas quem dirige é Michael Mann, cineasta que vem oscilando entre o razoável (Colateral) e o desastre total (Miami Vice). Inimigos Públicos, se não chega ao nível de calamidade deste último, tampouco chega a empolgar. É perda de tempo e, neste caso, bastante tempo, já são duas horas e vinte minutos de tiroteios barulhentos e pouco conteúdo. Ou teriam sido as incontáveis balas as verdadeiras responsáveis pelos buracos no roteiro? E olha que, para mim, falar isso de um filme protagonizado por Johnny Depp não é algo natural. Mas nem o incontestável brilho do ator atenua a sensação de frustração com o filme.
É bem verdade que Depp injeta uma aura de fascínio ao melhor estilo Humphrey Bogart no personagem, mesmo quando suas falas e atitudes carecem de profundidade. Mas quem era John Dillinger, além das bravatas públicas? O espectador continua sem saber. Marion Cotillard também engrandece suas cenas a despeito da limitação ainda maior do seu papel de mocinha-que-ama-o-malfeitor. E é o esforço individual deles que torna o filme digerível. Estranhamente, Christian Bale – em geral um bom ator – parece apático no papel do policial que persegue Dillinger. Está certo que seu papel não é dos mais simpáticos, mas tem-se a nítida impressão de que Bale está atuando de má-vontade.
O roteiro é cheio de incoerências ou fatos mal explicados. Um exemplo é quando Billie arma um estratagema para despistar a polícia e ir ao encontro de John. O artifício que ela usa até que é engenhoso, mas o que não se entende é como eles combinaram a escapulida, já que o filme sublinha o fato dela estar sendo vigiada e com escutas no telefone. Teria a moça simplesmente adivinhado que o amante estava na rua à sua espera?
São pequenas mancadas como essa que, associadas ao insistente uso do diretor da câmera digital em um filme ambientado na década de 30, fazem com que a credibilidade do longa escorra pelo ralo. Ao invés do elegante jogo de luz e sombras tão típico dos filmes de época, temos imagens modernosas e uma edição feita em um ritmo totalmente em desacordo com a história. Fica a impressão de um filme dentro de outro, como se os personagens estivessem brincando de gangsteres. Mais estranho que isso é perceber que Michael Mann anda, nestes últimos trabalhos, adquirindo os mesmos cacoetes estilísticos de Tony Scott. E creiam-me: isso não é um elogio. Não mesmo.
O desfecho só acentua a sensação geral de improviso (no mau sentido), o que soa quase anacrônico em um filme tão extenso. Mas as cenas finais parecem apressadas, malfeitas mesmo. Um filme equivocado, em todos os sentidos. Estréia nesta sexta.
Putz, achei um filmaço. Achei o Bale um tanto quanto apático, realmente, mas eu vi um filme de ação empolgante. Aquelas cenas de tiroteios com a câmera posicionada atrás da arma, parecendo um videogame, foi demais. E Johnny Depp é um monstro na tela!
ResponderExcluirAté mais!
Pois é justamente essa massificação da estética videogame (até mesmo num filme de época, que coisa cansativa!) que eu acho muito banal... Um filme sobre um personagem riquíssimo como o Dillinger merecia um pouco mais cérebro e um pouco menos de adrenalina. Mas Depp é sempre bom, maravilhoso, claro. Só ele me impediu de cochilar.
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