sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Lua Nova


Ao contrário da maioria das pessoas, eu não achei Crepúsculo um filme ruim. Não de todo. Descontados os “defeitos” especiais vergonhosos e a sem-gracice de Kristen Stewart, até que o filme dava para o gasto. Dentro do padrão de um filme para adolescentes, é claro. E, lembrando que a franquia Harry Potter só deslanchou mesmo a partir do terceiro filme, eu esperava sinceramente um upgrade da chamada saga Crepúsculo a partir deste Lua Nova. Catherine Hardwicke substituída na direção por Chris Weitz, inclusão de Michael Sheen e Dakota Fanning no elenco... tudo indicava uma melhora geral. Então como Lua Nova consegue ser pior do que Crepúsculo?

É até complicado apontar o que deu errado, já que, como adaptação, o filme não se desvia muito de nenhuma das situações apresentadas no livro. Os efeitos visuais, de um modo geral, deram uma melhorada – com exceção dos lobisomens, que parecem excessivamente fakes. A maquiagem continua estranha e ainda mais prejudicada por alguns erros de continuidade. A pressa de fazer um novo filme em menos de um ano (Crepúsculo estreou em dezembro do ano passado) e o orçamento apertado (US$ 50 milhões, muito pouco para um blockbuster) certamente contribuíram para esse resultado insatisfatório, mas o público não tem nada a ver com essas questões executivas. Pior: fica-se com a sensação de uma produção feita única e exclusivamente para ludibriar a platéia e encher os cofres.

O saldo final é um filme sem carisma, com ritmo arrastado e uma concepção estética que beira a cafonice, a despeito da beleza da fotografia. Talvez seja uma questão de olhar, de abordagem mesmo. Também é estranho como algumas situações são jogadas na tela sem um mínimo de sutileza, defeito que fica mais gritante na parte final, quando os personagens se encontram com o clã dos Volturi. A partir do momento em que Alice vai à casa de Bella, o roteiro pula de uma cena a outra sem transição e uma trama que vinha se arrastando com toda lentidão se acelera de repente, como alguém tivesse avisado ao diretor que estavam no último rolo de filme e que ele tinha que terminar rapidinho.


Chris Weitz entrega um filme superficial e açucarado, repleto de cenas longas e situações repetitivas, o que só fica mais enjoativo em consonância com a eterna cara de paisagem de Kristen Stewart. Bella feliz, Bella sofrendo... e Kristen com a mesma expressão. Robert Pattinson é mais consistente como Edward, mas neste filme fica menos tempo em cena; Taylor Lautner, o Jacob, é apenas correto. Ashley Greene injeta vida nas cenas em que aparece como Alice, a mais receptiva da família vampiresca de Edward. O restante da família Cullen, assim como os colegas de escola de Bella, são inexpressivos de dar dó. E o que dizer das participações pífias e constrangedoras de Michael Sheen e Dakota Fanning?

Se vai fazer sucesso? Claro que sim. Vai lotar os cinemas e ficar meses em cartaz. Filmes assim já são sucesso anunciado, independente da qualidade dos mesmos. Mas isso não é desculpa pra entregar qualquer coisa aos espectadores. Os leitores da série mereciam um produto melhor.

2 comentários:

  1. Sinceramente, achei um pouco equivocada sua opinião, mas é gosto e não temos como impor.

    O filme tem um roteiro mais fiel ao livro, a produção toda é mais rica - principalmente a trilha sonora proposta por Alexandre Desplat, bem como efeitos especias e fotografia - o elenco está mais cativante, firme e proporcionam uma intensidade melhor.

    Nao acho arrastado, ele é bem dinâmico e o clima é, preferencialmente, soturno - acredite, no livro Bella é mais melancolica e tudo é mais arrastado, o filme soube condensar toda a essencia e dinamizou repetições e situações lentas de Stephenie Meyer.

    O filme tem cenas elegantes, uma direção mais emocionao e a até Kristen está mais a vontade, mas Bella é mesmo depressiva e instrospectiva - no livro é assim. Eu gosto dela atuando.

    Pattinson está mais maduro, fato.

    Eu achei o filme até simbólico....

    abraço

    ResponderExcluir
  2. Cristiano,

    Como eu disse no texto, o filme realmente é fiel (sim, eu li os quatro volumes), mas as situações me pareceram de alguma forma mal-resolvidas. Toda a sequência com os Volturi (que, no livro, é bem intensa) ficou sem sal, só para dar um exemplo.

    E continuo não gostando da Kristen, acho que a moça confunde introspecção com apatia. E não só no papel, mas de um modo geral. Você chegou a ver a figura na premiação do Bafta?

    Abraços!

    ResponderExcluir