quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Princesa e o Sapo


Eu sou do tempo em que as animações eram em 2D e, nem por isso, menos legais. Do tempo em que a Disney lançava clássicos como A Pequena Sereia, Aladdin e O Rei Leão. Do tempo em que não havia Oscar de animação e, ainda assim, A Bela e a Fera concorreu a melhor filme na categoria gente grande. Hoje em dia tudo é mais perfeito tecnicamente, mas os que conheceram a animação pré-computação gráfica sentem falta justamente de um toque mais personalizado. E vamos combinar que o 3D já deu. A técnica geralmente esconde por trás do visual grandioso filmes de roteiro fraco. Não tinha que ser assim, mas é o que tem acontecido – quem tiver dúvidas, que assista a Os Fantasmas de Scrooge.

Mas nem tudo está perdido. Sinal disso é que a Disney está lançando este A Princesa e o Sapo, uma retomada em direção ao estilo dos já citados clássicos de ouro. Não por acaso, o longa foi escrito e dirigido por Ron Clements e John Musker, os criadores de A Pequena Sereia e Aladdin. Sem contar a novidade de ser o primeiro desenho a apresentar uma princesa negra, e de forma naturalista – sua etnia não é preponderante para o desenvolvimento da trama.


O filme ainda conta com alguns atrativos adicionais, ao ambientar a história no bairro francês da Nova Orleans da década de 20, com direito à efervescência do jazz na trilha sonora e o misticismo do vodu para apimentar as maldades do vilão Mr Facilier. Na verdade, todo o argumento apresenta uma repaginação dos contos de fada tradicionais: a protagonista, Tiana, é uma garçonete que sonha abrir seu próprio restaurante; o príncipe é um playboy em crise financeira; a menina que deveria ser a antagonista rica é, na verdade, uma perua de bom coração; e a bruxa má virou um macumbeiro sinistro – destaque para como ele se refere aos espíritos das trevas, “meus amigos do outro lado”.

Está certo que, em sua estrutura, o filme não foge do padrão Disney para contos de fadas, mas põe na tela o que já é esperado com certo frescor e vivacidade. Apenas poderia ter se concentrado mais no segmento que se passa na cidade, que é muito mais rico e interessante do que o trecho que se passa no pântano. Mas tudo bem. Noves fora, A Princesa e o Sapo é filme para encantar crianças de todas as idades.

Só é uma pena que, seguindo a tendência das últimas estréias brasileiras no campo de animação, sejam lançadas apenas cópias dubladas por aqui. Mesmo não ouvindo o som original, pode-se imaginar o quanto a trilha sonora plena de ritmos jazzísticos deve ser sensacional. É bem decepcionante ter que ouvir apenas as versões tupiniquins dela. Também é estranho que o príncipe Naveen seja dublado em português por Rodrigo Lombardi, considerando que sua voz original pertence ao também brasileiro Bruno Campos – por que não chamar o próprio Bruno para se dublar? De todo modo, agora resta esperar o DVD para apreciar o filme como ele realmente merece.

Sexta-feira nos cinemas.

2 comentários:

  1. Essa política da Disney de distribuir animações apenas em cópias dubladas começou apenas nesse ano, mas está para ficar. Dessa maneira, ganha-se a simpatia do público casual-ignorante, que não fala inglês e tem aversão a legendas, e "força-se" uma maior venda de DVDs ao público mais seletivo. E o Bruno Campos é brasileiro apenas de nascença, vive desde criança nos EUA, e não fala português fluentemente.

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  2. Ricardo,

    Pelo que eu lembro do Bruno Campos em O Quatrilho, ele fala português com fluência sim.

    Abs,

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