sábado, 12 de dezembro de 2009

Os Irmãos Grimm


Criador e criatura. Equação que vem fascinando a humanidade desde que a inglesa Mary Shelley escreveu há quase duzentos anos o romance Frankenstein, expoente máximo dessa ligação. E os escritores, mais do que ninguém, têm dentro de si uma centelha de Dr. Frankenstein, já que dão vida a criaturas que não existiam antes. Os Irmãos Grimm, que está longe de ser uma biografia dos autores de contos de fada, traz um original olhar sobre essa relação. Achincalhado pela crítica e esnobado pelo público, o filme merece uma segunda conferida. Desta vez, sem preconceitos.

O roteiro cria uma original trama de aventura tendo como protagonistas os lendários irmãos. A Alemanha se encontra sob o jugo de Napoleão e os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm são caracterizados como dois vigaristas que viajam pelo país fazendo dinheiro fácil ao enfrentar monstros e demônios criados por eles mesmos, com a ajuda de atores fantasiados e alguma pirotecnia. Mas as autoridades francesas descobrem a falcatrua e os trapaceiros, para salvar suas vidas, são obrigados a investigar o misterioso desaparecimento de donzelas numa pequena aldeia. Certos de que iriam desmascarar farsantes como eles, os manos logo descobrem que dessa vez a coisa é pra valer.

O mais curioso do filme são as inserções de situações que reconhecemos como trechos de contos de fada. As citações e referências estão por toda parte: Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, Branca de Neve, o Lenhador, Rapunzel, o Lobo Mau, a Bela Adormecida e até mesmo um divertido momento dos irmãos dando uma de Gata Borralheira. E a boa sacada é que Jacob, o mano mais intelectual, está sempre anotando as bizarrices que encontra pelo caminho, dando a entender que a carreira literária começará numa época posterior. Os irmãos Grimm verdadeiros publicaram suas fábulas entre 1812 e 1857. Também foram célebres lingüistas e são até hoje considerados os maiores divulgadores da história cultural alemã, tendo seus contos traduzidos para cerca de 160 idiomas. Suas histórias costumam começar com "Era uma vez…" e terminar com "E viveram felizes para sempre", expressões que ficaram conhecidas a ponto de ninguém mais saber de onde se originaram.


A parte estética do filme também é muito boa, com cenários e figurino caprichados, num estilo que lembra A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça. Todos os efeitos visuais são interessantes e adequados, especialmente a concepção da floresta e da torre da rainha. O longa foi rodado em locações em Praga, numa co-produção entre Reino Unido e República Tcheca. Nos papéis-título, Heath Ledger e Matt Damon. Embora ambos estejam ótimos, numa atuação meio debochada e ao mesmo tempo charmosa, o saudoso Ledger se sobressai mais que seu companheiro de cena. Normal. Já os fãs da diva Monica Bellucci podem se decepcionar, já que sua participação é menor do que a publicidade a respeito do filme sempre dá a entender.

Os Irmãos Grimm é um bom filme-pipoca, mas não se deve esperar muito além disso. O currículo do diretor Terry Gilliam sugeria que o resultado fosse mais inventivo. Gilliam não assina uma produção desde o arrojado Medo e Delírio, de 1998, baseado em romance do polêmico Hunter Thompson. Também são dele o cultuado Os Doze Macacos (1995) e o surreal As Aventuras do Barão de Munchausen (1988), além do clássico do humor Monty Python e o Cálice Sagrado (1975). Deixando de lado a expectativa de algo inusitado, resta um filme bem-cuidado e eficiente no que se propõe. Os Irmãos Grimm, filme pouco visto e muito injustiçado, certamente merece um pouco mais do que o desdém com que foi tratado por público e crítica. Um bom aperitivo enquanto não chega o mítico O Imaginário do Doutor Parnassus, novo filme de Gilliam e último de Ledger.

2 comentários:

  1. odiei!!!
    eu queria abiografia não o resumo do filme que mostra o contrario da vida dele, eu acredito!!!
    pô na proxima ve se coloca o titulo direito para mim não se confundir novamente...
    ruum!!
    )=º(

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  2. Caro Anônimo,

    O filme se chama Os Irmãos Grimm e a foto dos atores está postada logo acima do texto, então acho que não dava para ser explícita do que isso...

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