terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma Vida Sem Regras


Eu confesso: minha única curiosidade a respeito de Uma Vida Sem Regras era ver como Robert Pattinson se sairia num papel de gente normal, sem nenhum tipo de poder ou conhecimentos de bruxaria. É certo que não esperava muita coisa de um filme que anuncia seu protagonista no cartaz como “o Edward de Crepúsculo”. Como levar a sério uma produção que foca sua publicidade no sucesso que o ator principal faz em outro filme? A boa notícia é que, a despeito de seus problemas de ritmo e coerência, Uma Vida Sem Regras até que é um filme simpático.

Robert Pattinson é Art, um sujeito meio freak – primeiro ponto positivo para o filme, que apostou num Pattinson não-galã. Aos 20 anos, o cara já se sente um tremendo perdedor: sua carreira de músico não está indo nada bem e sua namorada, que antes o achava misterioso e profundo, chegou à conclusão de que ele não passa de um depressivo chato. O resultado é que, além de tudo, ele ainda fica sem ter onde morar e tem que voltar para a casa dos pais, com quem tem um relacionamento no mínimo confuso. O melhor amigo de Art é Ronny, um cara com síndrome de pânico que não sai de casa para nada, mas quer formar uma banda com ele.

Nesse momento de virada, Art pensa ter encontrado a solução dos seus problemas quando descobre um guru da auto-ajuda, Dr Levi Ellington, autor de um livro com o sugestivo título Não É Sua Culpa. Empolgado, Art usa o dinheiro de uma herança (que ninguém explica direito de onde veio) para financiar um programa intensivo com o Dr Ellington, que chega de mala e cuia na casa de seus pais para ser uma espécie de personal terapeuta, acompanhando o paciente onde quer que ele vá. Está estabelecida a fauna de personagens bizarros.

Uma Vida Sem Regras segue a cartilha do “filme independente inglês”, um estilo de longa que já se tornou um sub-gênero da cinematografia britânica. Não é um exemplar muito original, mas tem lá seus momentos de graça. O destaque fica por conta do ótimo Powell Jones como o “sem-noção” Dr Ellington. Com sua cara de tiozinho que joga críquete, o ator é responsável pelas cenas mais inusitadas ao invadir a privacidade alheia como se fosse a coisa mais natural do mundo. Reparem na cena em que Art vai ao banheiro feminino atrás da ex-namorada e, do nada, o bom doutor surge num dos boxes dando seus pitacos na conversa. O ator, a quem é dedicado o filme, faleceu logo após o término das filmagens. Um detalhe curioso é que sua filmografia se resume a apenas este filme e três participações em TV.

Como um todo, Uma Vida Sem Regras é um filme irregular e não chega a se sustentar muito bem, mas cumpre a função básica de distrair sem maiores pretensões (principalmente para quem vai assisti-lo desprovido de qualquer expectativa). Na média, a balança pende para o lado positivo. Estreia nesta sexta.

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