sábado, 6 de março de 2010

Direito de Amar


Amanhã é dia de Oscar e mais um filme pequeno a abocanhar indicações importantes ao prêmio (melhor ator) e ao Globo de Ouro (melhor ator, atriz coadjuvante e trilha sonora) foi este Direito de Amar. Antes de mais nada, chega a ser uma heresia que o longa de estréia do moderníssimo estilista Tom Ford como diretor tenha recebido por aqui um título tão absurdamente cafona. Mas tudo bem. A Single Man, no original, acompanha um dia decisivo na vida do professor universitário George. Deprimido desde que o namorado Jim morreu em um acidente de carro e cansado de levar uma vida de aparências, ele pretende se suicidar. Devido ao ambiente repressor da época (o longa se passa nos anos 50), George foi proibido até mesmo de comparecer ao funeral do homem com quem conviveu por dezesseis anos. Metódico e detalhista, ele se dedica a planejar cada detalhe de sua morte, como a escolha do terno que deve ser usado no funeral ou o modo mais “limpo” de acabar com a própria vida.

A Single Man é, certamente, um belo filme. Melancólico, triste, esteticamente interessante, pontuado por uma eficaz trilha sonora. Uma bela estréia para Tom Ford atrás das câmeras. Mas não há dúvida de que o que realmente eleva o nível da produção é a interpretação seca, introspectiva e extremamente angustiante de Colin Firth. Ator veterano, competente, mas que talvez somente agora, com este papel, tenha sua primeira grande chance de demonstrar a que veio, Firth é essencialmente “maior” do que o longa em si. Não me entendam mal. Trata-se de um bom filme, mas, apesar de suas inegáveis qualidades, a produção acabaria sendo mais do mesmo sem a força da interpretação de seu protagonista.

E uma coisa muito difícil para um ator é interpretar um sujeito prosaico. George está morrendo por dentro, mas se mantém firme em sua máscara social durante toda a projeção. Com seus ternos impecáveis, seu nó de gravata windsor, seus óculos de aros grossos, enfim, toda sua boa educação de cavalheiro inglês, ele apenas se permite alguns momentos de verdade quando a sós com a amiga Charley (Julianne Moore, em atuação supervalorizada). É maravilhoso ver um ator construir tanta verdade interior a partir de tão frágeis sinais exteriores. Uma pena que Firth tenha que disputar esse Oscar com o imbatível Jeff Bridges em Coração Louco (ver comentários abaixo). Mas também não deixa de ser curioso que ambos tenham escolhido o caminho da moderação em suas interpretações.

Vale conferir, sobretudo pelo emocionante trabalho de Colin Firth.

2 comentários:

  1. Um filme que necessito conferir, urgente, gosto do Colin Firth desde que me entendo por gente - fiquei feliz com o reconhecimento dele no Oscar agora, mas ele teve melhores momentos. Conhece o filme Valmont? ele ali é puro charme e seu talento é perfeito!

    Julianne Moore sempre é super valorizada nos filmes, as pessoas tendem a fazer isso com ela. Mas, é uma atriz que admiro muito.

    Abraço

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  2. Cristiano,

    Eu gosto do Colin até em filmes menores, como O Diário de Bridget Jones e Febre de Bola, mas faltava a ele um papel dessa importância. Inclusive ele parece meio envelhecido no filme, bem distante do perfil "gatão de meia-idade" que costumam associar a ele.

    É realmente uma pena que ele e Jeff concorram pela mesma estatueta...

    Abs,

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