sexta-feira, 12 de março de 2010

Lembranças


Lembranças é veículo para Robert Pattinson. Mas no mau sentido. Diferentemente do irregular porém simpático Uma Vida Sem Regras, que se esforçava para sair do lugar-comum, este banalíssimo Lembranças não faz nada além de girar em torno de sua estrela. E não é que eu tenha alguma implicância com Pattinson. Pelo contrário, acho que o rapaz tem carisma e realmente está se empenhando em ser mais do que um fenômeno teen. Tudo indica que terá um bom futuro na sétima arte, mas isso se não ficar queimando sua imagem com bobagens deste tipo.

Pattinson é Tyler, pobre menino rico que prefere levar uma vida modesta e sem rumo depois que o suicídio do irmão mais velho caiu como uma bomba em sua família. Do pai rico e workaholic quer distância; a mãe é carinhosa e compreensiva, mas casou-se novamente. De todas as pessoas em sua vida, sua maior conexão é com a irmã de onze anos, Caroline, tida como “esquisita” pelas meninas do colégio por conta de sua introspecção. Já Ally, como vemos em um flashback na primeira cena, assistiu ao assassinato da mãe em um assalto quando tinha apenas nove anos e mora com o pai, um policial superprotetor. Tyler se aproxima dela por causa de um pretexto bem tolo, mas logo se interessa genuinamente pela garota. Teriam eles algo em comum além dor da perda?

Partindo de uma premissa sem sal, mas que poderia de qualquer modo render um filme interessante, o diretor Allen Coulter (o mesmo do mediano Hollywoodland) realiza um longa preguiçoso, previsível, sem um pingo de criatividade. Os clichês chegam ao nível do velho mote da aposta entre amigos que será fatalmente descoberta, só para dar uma idéia da sensação de déjà vu que sentimos a cada fotograma. O casal formado por Robert Pattinson e Emilie de Ravin é fofinho, mas tem que protagonizar seqüências de sedução juvenil batidas como aquela velha brincadeirinha de um jogar água no outro. Chega a ser constrangedor.


Sem contar as falhas de roteiro, como por exemplo uma conversa em que Tyler e seu melhor amigo falam sobre mulheres bonitas que ficam com sujeitos sem graça e citam a primeira-dama da França como exemplo. Bom, o romance de Carla Bruni com Nicolas Sarkozy veio a público somente em 2007, época posterior a qual se passa a história. Por falar em ambientação temporal, o único motivo para o filme se passar numa época anterior aos dias de hoje é criar um desfecho pseudo-impactante. Mas o efeito geral soa apelativo e bobo. Ou seja, no único momento em que a produção tenta ser criativa, só consegue terminar de afundar o que já não estava muito bom.

Noves fora, salva-se apenas o elenco, que consegue ir bem com tão pouco que lhe é dado para trabalhar. Os lampejos de sentimento e verdade que enxergamos em algumas cenas isoladas é mérito exclusivo deles.

Estreou hoje.

2 comentários:

  1. Rápida você, hein?

    Também sou: vi e discordo totalmente de você. Tudo bem que não é um filme perfeito, nem com um roteiro realmente aprofundado, mas eu gostei da interpretação do Pattinson com Emilie de Ravin - a forma como ele olhava pra ela, parecia realmente estar apaixonado, admirado pela presença dela...e os dois conduziram o filme deixando até o próprio roteiro mais saboroso.

    A direção é bem correta, a fotografia e também a trilha: mas, achei o enredo, ainda que até simplório, gostoso de se ver. Gostei do tom do personagem Tyler, a forma como ele é sincero e contido, ao mesmo tempo.

    Eu esqueço todo o habitual modismo exagerado diante da figura de Pattinson, talvez por isso eu observe ele como um ator mais promissor e até convincente. Sim, acho ele bom ator.

    Emilie de Ravin é uma graça, até na forma de falar e gesticular, gostei do resultado do filme.

    Em breve falarei dele no Apimentário.

    Beijão!

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  2. Oi Cristiano,

    Eu não falei mal dos atores, conforme você pode ler lá no final. Mas a direção realmente achei inexistente e o desfecho... sem comentários, uma tremenda forçada de barra :-)

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