quinta-feira, 8 de março de 2012

Minha Semana Com Marilyn

Enquanto o filme Sete Dias Com Marilyn não estreia – a Imagem Filmes adiou a data novamente, empurrando-o agora para 27 de abril – uma boa pedida é conferir a história no material que serviu de inspiração para o filme, ou seja, no livro escrito por Colin Clark e lançado aqui no Brasil pela Editora Seoman. Nele, Clark narra, em forma de diário, os nove dias durante os quais se aproximou perigosamente de Marilyn Monroe e, por conta disso, esteve no olho do furacão de uma crise envolvendo estrelas como Laurence Olivier e Arthur Miller.

Os dias críticos ocorreram em 1956, na Inglaterra, durante a filmagem do longa O Príncipe Encantado, no qual Marilyn interpreta uma corista que, devido a uma série de imprevistos, acaba fascinando o príncipe interpretado por Olivier. É muito curioso perceber que, enquanto isso, nos bastidores, uma situação análoga ocorria: um simples terceiro assistente de direção – a pessoa menos importante em toda a equipe, na visão do próprio Clark –, também através de uma sequência de acontecimentos fortuitos, acaba partilhando da intimidade da maior estrela da época, alguém que dias antes sequer lhe dirigia a palavra.

Colin Clark tinha 23 anos de idade. Ele havia terminado a Universidade e não possuía nenhuma experiência profissional, conseguindo o emprego tão-somente porque seus pais eram amigos de Laurence Olivier e Vivien Leigh. Marilyn, recém-casada com o dramaturgo Arthur Miller, tinha 30 e era, à época, a maior e mais cobiçada estrela das telas. Como não é segredo hoje em dia para ninguém, a loura vivia dilemas profundos e se ressentia da imagem de “loura burra”, desesperada em provar seu valor como atriz séria. Trabalhar em um filme inglês com Sir Laurence Olivier parecia o modo ideal de perseguir o tão almejado respeito profissional, mas na vida real as coisas não ocorreram de modo tão mágico e, em meio à inevitável crise, o que possibilitou o testemunho direto de Colin (e este livro) foi simplesmente estar no lugar certo em momentos-chave.

Este livro não é nenhum diário. É um conto de fadas, um interlúdio, um episódio fora do espaço e do tempo que, no entanto, ocorreu na vida real. (...) Este livro se propõe a descrever um milagre – alguns dias de minha vida em que um sonho se tornou realidade e meu único talento foi não fechar os olhos.

Na verdade, Colin Clark fez mais do que não fechar os olhos e, anos depois, se propôs a escrever este relato, em forma de uma doce e sincera homenagem a como o inesperado convívio com Marilyn Monroe definitivamente tocou sua vida. Se o autor aumentou sua participação no episódio? Provavelmente sim. Suas palavras traem certa idealização, adotando sempre um ponto de vista no mínimo simpático à estrela. Nada contra, apenas é preciso deixar claro que a obra tem muito mais de romance do que de relato jornalístico – acredito até que essa sempre foi a intenção de Clark, conforme ele mesmo induz a pensar no trecho acima, retirado da introdução do livro. Outra faceta interessante do livro é mostrar quão facilmente um cronograma de filmagem pode sair do controle dos envolvidos devido a uma crise pessoal.

O afetuoso relato de Colin Clark abrange pouco mais de uma semana no verão de 1956 e não propõe nenhuma teoria ou estudo definitivo sobre o mito Marilyn Monroe; pelo contrário, adiciona ainda mais dúvidas sobre a personalidade de uma das mais controversas e multifacetadas estrelas de todos os tempos. Obrigatório para fãs de Marilyn e muito interessante também para cinéfilos de um modo geral. 

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