quinta-feira, 15 de março de 2012

Protegendo o Inimigo


Podem me chamar de velha e ultrapassada, mas eu sou do tempo em que os filmes de espionagem se concentravam mais nos jogos de intrigas e menos na “macheza”. Se hoje em dia até o antes elegante James Bond distribui socos e pontapés a granel, como reverter essa progressiva diluição do filme de espionagem dentro do gênero ação? Como evitar que as perseguições espetaculares e os longuíssimos tiroteios tomem o lugar do suspense e da guerra de nervos? Essa mudança (ou deturpação) é irreversível e Protegendo o Inimigo apenas segue a tendência do que atrai as plateias de hoje em dia, mas não se pode deixar de prantear a morte de um gênero.  

Denzel Washington (que tem feito variações do mesmo personagem pelo menos nos últimos dez anos) é Tobin Frost, agente desertor da CIA. Depois de passar nove anos na clandestinidade, vendendo segredos do governo americano a seus inimigos, é obrigado a entrar em um consulado americano e se entregar às autoridades depois que uma negociação na Cidade do Cabo dá errado e ele é perseguido e quase morto. Tobin é preso e transferido para uma chamada “casa segura” (a tal safe house do título original), onde poderá ser interrogado e ter seus direitos violados sem que ninguém fique sabendo. O responsável por vigiar o local é Matt Weston, insatisfeito com sua função de zelador e louco por uma oportunidade de ser um agente de campo.

Não chega a ser um spoiler dizer que circunstâncias extremas colocarão Tobin e Matt (personagem de Ryan Reynolds), em uma situação de convivência forçada, já que o próprio título em português indica isso. Algumas situações remetem bastante a filmes como Colateral, como, por exemplo, a progressiva afinidade que vai surgindo entre os dois, desse modo aproximando perigosamente o mocinho do vilão. O elenco coadjuvante, que conta com Vera Farmiga, Brendan Gleeson e Sam Shepard, dentre outros, valoriza o filme com a presença destes bons atores em papéis-chave. Mas, estranhamente, o filme não decola muito além do óbvio, deixando no espectador a impressão de ter visto muitos outros filmes parecidos com esse.


Não deixa de ser um paradoxo perceber que um filme que prima tanto pela adrenalina não consiga empolgar. Os aficionados do gênero (ação, não espionagem) devem gostar, ainda que Protegendo o Inimigo seja mais do mesmo. A partir de hoje nos cinemas.

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