quinta-feira, 15 de março de 2012

Projeto X – Uma Festa Fora de Controle


No que diz respeito à sétima arte, é sempre arriscado anunciar a saturação de qualquer gênero ou filão. As gargalhadas ouvidas ontem, durante a pré-estreia de Projeto X – Uma Festa Fora de Controle, só reforçam esse argumento. Afinal de contas, quem poderia imaginar que uma comédia adolescente sobre três amigos nerds que querem deixar o ostracismo para trás organizando uma festa inesquecível poderia (ainda) fazer rir (e muito)? E não é que o longa tenha alguma bossa tão esperta assim ou inove com algum roteiro acima de média; pelo contrário, a trama é calcada em praticamente todos os clichês que vem sendo usados neste tipo de filme desde os anos 80. Por que, ainda assim, agrada tanto? Porque é um filme danado de engraçado, e isso é o que realmente importa quando se trata de uma comédia.

Partindo de uma pegada meio Bruxa de Blair (a escolha do formato acaba levando a algumas falhas de continuidade, mas tudo bem), em que o filme é mostrado através das imagens gravadas por um personagem, a trama se desenrola em um único dia, começando na manhã e seguindo madrugada adentro. Thomas, Costa e JB são os típicos perdedores. Aliás, os próprios pais de Thomas acham o filho um bobão. Aproveitando a ausência destes, Costa convence o amigo a organizar uma festa com o firme objetivo de reverter a sina do trio, transformando-os de nerds obscuros em caras descolados e populares. Thomas, a princípio apreensivo, cede diante da insistência dos amigos, desde que seja uma festa de pequeno porte, apenas "grande o suficiente para ser legal". Só que Costa, morrendo de medo que ninguém apareça, apela para todos os meios de divulgação imagináveis e a festinha logo ganha dimensões épicas, para o bem e para o mal. 

Outra grande qualidade do filme é sua total e irrestrita falta de estribeiras, causando um desdobramento quase metalinguístico nas telas. Conforme os acontecimentos vão ganhando proporções gigantescas na trama e a festa vai saindo totalmente do controle de seus idealizadores, também o filme vai chutando o balde (no bom sentido), dando adeus a qualquer resquício de bom-mocismo e metendo um bico na canela do politicamente correto. Destaque para todas as hilárias cenas envolvendo os seguranças adolescentes com complexo de ninjas e também o anão mau-humoradíssimo de pontaria certeira.


O diretor Nima Nourizadeh é um total debutante atrás das câmeras, não tendo realizado nem mesmo um curta-metragem antes desse projeto. Nourizadeh com certeza tem muito a agradecer a seu produtor Todd Phillips por essa estreia com o pé direito na função, afinal de contas estamos falando do cara que dirigiu uma das mais festejadas comédias do cinema americano recente: Se Beber, Não Case.

Evidente que o filme, assim como a maioria das festas, estará na cabeça das pessoas até que seus efeitos sejam suplantados pela próxima – festa ou comédia de sucesso –, mas é preciso valorizá-lo pelo seu grande mérito: trazer ao espectador uma hora e meia de gargalhadas e diversão descompromissada. Projeto X está fadado a ser a grande comédia deste final de verão. Amanhã nos cinemas. Aprecie sem moderação. 

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