sexta-feira, 26 de junho de 2009

Jean Charles


Jean Charles de Menezes, um imigrante brasileiro em Londres que ficou conhecido pelo mundo da maneira mais trágica possível: quando foi assassinado pela polícia britânica ao ser confundido com um terrorista. Jean Charles, o filme, pretende mostrar os últimos meses na vida do eletricista mineiro, a partir do momento em que sua prima Vivian chega na Inglaterra para morar com ele. O grande problema inicial em realizar tal filme é que, antes das funestas circunstâncias de sua morte, Jean Charles era uma pessoa absolutamente comum. Então não existe no filme um encadeamento de acontecimentos que levem até o trágico desfecho, já que seu assassinato não teve uma causa.

O que fazer, então? Um filme-denúncia sobre a truculência e despreparo das autoridades inglesas pós-onze de setembro ou uma crônica sobre os sonhos e esperanças dos brasileiros que tentam fazer a vida na Europa? O filme acertadamente opta pela segunda alternativa. Segundo o longa, o protagonista era um sujeito carismático que sempre tentava ajudar os amigos e batalhava para melhorar de vida – embora nem sempre de forma ortodoxa. Mas causa estranheza que a boa opção inicial resulte em um filme que mantém um tom de distanciamento para com seus personagens. Quando chegamos à esperada sequência no metrô, a abordagem quase documental da cena crucial deixa o espectador pouco envolvido. E, a partir de então, com a saída de Selton Mello da tela, realmente há uma curva descendente na trama.

Outro ponto que incomoda um pouco é o excesso de menções a ataques terroristas feitas ao longo da história. Além de reforçar o tom documental, ainda soa como uma justificativa para a atitude imperdoável dos policiais que assassinaram Jean Charles. Ainda assim, Jean Charles é um filme bem produzido e dirigido com eficiência. Podemos até discordar dos caminhos tomados pelo diretor Henrique Goldman, mas não se pode deixar de reconhecer sua competência.

O grande trunfo, como já era de se esperar, é ter o incrível Selton Mello no papel-título. Selton sempre acrescenta um tempero único a seus personagens e ainda conta com uma simpatia incondicional por parte do público. Destaque para seu divertido encontro com Sidney Magal. Também estão bem à vontade em seus papéis Vanessa Giácomo e Luis Miranda. O que nos leva a outra decisão pouco acertada da produção, que foi colocar a prima do verdadeiro Jean Charles para fazer seu próprio papel. Nada contra lançar novos atores, o que, aliás, é uma das funções do cinema, mas neste caso houve um desnivelamento claro nas cenas em que a moça contracena com Selton, Vanessa e Luis.

Um comentário:

  1. Deve ser muito bacana, mas acabei perdendo a pré e agora só semana que vem.

    Até mais!!

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