sexta-feira, 19 de junho de 2009

Tinha Que Ser Você


O compositor de jingles Harvey Shine sempre colocou o trabalho acima de tudo. Tanto que quando sua filha se casa em Londres, ele vai à cerimônia mas dispensa a festa porque precisa voltar correndo a Nova Iorque para uma reunião. O esforço de nada adianta, já que ele perde o avião e também o emprego. Ao afogar as mágoas no bar do aeroporto e já meio de porre, resolve puxar papo com Kate – que só quer ser deixada em paz para terminar seu romance barato e taça de vinho. Kate também leva uma vida solitária, e passa o dia inteiro recebendo telefonemas banais da mãe que não tem o que fazer.

O que poderia surgir desse improvável encontro o espectador já pode deduzir pelo título em português, que além de óbvio ainda pega carona no sucesso da bossa nova. E certamente o longa seria dos mais redundantes se não fosse salvo do lugar-comum pela interpretação inspirada de Dustin Hoffman e Emma Thompson. Hoffman, ator excepcional que andava acorrentado a papéis coadjuvantes em filmes de qualidade duvidosa, finalmente volta a ter o destaque merecido com esse sujeito que não viu a vida passar. E o ator compõe o personagem com propriedade, evitando cair no estereótipo do tipo carrancudo e de maus bofes. Seu Harvey Shine é um cara cordato, apenas meio desprovido de equilíbrio emocional. Assim como a Kate de Emma Thompson é uma mulher simpática e atraente, muito distante de qualquer caricatura de solteirona inglesa. E é o encontro dos dois que faz o filme valer a pena. Só tinha de ser com Dustin e Emma.

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