quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ah! O Amor...


Com o ótimo título original “Ex” e a justificativa feita por um dos personagens “cedo ou tarde, vocês acabarão sendo ex de alguém”, esta terna e divertida comédia italiana aposta na identificação coletiva, ao colocar na tela uma pá de situações com as quais todo espectador certamente está familiarizado – se não por experiência própria, pelo menos como testemunha. Com uma estrutura similar à de Simplesmente Amor, mas com uma abordagem mais irônica, Ah! O Amor... encanta pela leveza e simplicidade e ainda aproveita para provocar os apaixonados, ao por em dúvida a durabilidade das juras de amor eterno.

O filme parece começar pelo fim, ao mostrar logo de cara diversos casais se beijando e declarando seu amor. Mas o que acontece depois do “felizes para sempre”? Após a legenda Molti bacci dopo (muitos beijos depois), reencontramos nossos personagens: Filippo e Caterina estão se divorciando e brigam no tribunal para “não ficar” com a guarda dos filhos; o juiz do caso é Luca, que, por sua vez, está se divorciando de Loredana e se aloja no apartamento do filho solteiro, louco para recuperar a juventude perdida; a outra filha do casal, Giulia, vive feliz em Paris com o namorado Marc até que recebe uma promoção que a levará para a Nova Zelândia; Sergio, amigo de Luca, é confrontado com a falta de intimidade com as filhas adolescentes quando sua ex morre tragicamente; Elisa está para se casar com Corrado, quando descobre que seu antigo amor, Lorenzo, é o padre que irá celebrar a cerimônia; Paolo está apaixonado por Monique, mas teme aparecer com ela em público por causa de um ex violento da amada que não aceita o rompimento.


Uma visão carinhosa e bem exata do patético do ser humano, que se apaixona perdidamente e depois maldiz o objeto outrora amado quando passam os efeitos inebriantes de paixão. Com um elenco simpático (destaque para o charmoso Flavio Insinna como o padre sem nenhuma vocação para o ofício) e uma série de conflitos inerentes à crise ou ao fim de um relacionamento, o longa de Fausto Brizzi desperta no mais sisudo espectador um sorriso de compreensão, ao se reconhecer em pelo menos algumas das muitas agruras ali retratadas. Até a cena final – que não é exatamente um desfecho –, algumas relações terão superado a crise, outras terão se rompido definitivamente e até novas parcerias terão se formado (ou reformado, sei lá). Curiosamente, um único casal se mantém firme em seu amor ao longo de toda a projeção. O que não quer dizer para o resto da vida, já que o filme apenas faz um recorte e segue a linha do “infinito enquanto dure”.

É intenso, vibrante, por vezes exagerado, cheio de personagens que fazem besteira, sofrem sem motivo, se torturam com neuroses, querem o inatingível, magoam quem amam, fazem loucuras, amam, odeiam e depois amam de novo. É humano. É muito legal. Para ver, se identificar e ficar com a pulga atrás da orelha da próxima vez que ouvir um “te amarei para sempre”. Ou não. Caso contrário, qual seria a graça? Estreia nesta sexta.

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