quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sherlock Holmes


Sherlock Holmes já vinha causando polêmica desde que suas primeiras imagens foram divulgadas, por mostrar um Holmes meio diferente, cheio de testosterona e libido. Como assim, o detetive célebre por seu intelecto distribuindo socos a granel em slow motion? Os fãs mais conservadores já saíram esculachando a heresia de Guy Ritchie e cia., esquecendo-se de que o filme é baseado numa história original de Lionel Wigram, que por sua vez foi apenas inspirada nos clássicos de Sir Arthur Conan Doyle. Ou seja, o longa já nasce desobrigado de ser fiel ao personagem original. Vale lembrar que neste filme também a figura do Dr Watson ganha ares mais joviais e másculos.

A história inicia-se quando a dupla captura o assassino satanista Lorde Blackwood e este é condenado à forca, mas o seu corpo desaparece e uma testemunha jura ter visto o bruxo se levantar do túmulo. Watson, prestes a casar, estava decidido a interromper sua parceria com Holmes e levar uma vida mais tradicional, mas o mistério revela-se irresistível e os dois se unem mais uma vez para seguir as pistas deste caso de contornos sobrenaturais. Para complicar a situação, a ardilosa Irene Adler, por quem Holmes nutre um misto de atração e repulsa, parece envolvida até o pescoço nos sinistros acontecimentos.

Sherlock Holmes é um pipocão assumido, no qual o célebre residente da Baker Street 221b é retratado com ares de um Indiana Jones vitoriano. Sarcástico, esperto e um tanto abrutalhado, a versão de Guy Ritchie para Holmes está longe do sujeito sério de cachimbo presente no imaginário coletivo. Robert Downey Jr., renascido em Homem de Ferro, distribui sopapos e meio que repete o estilo Tony Stark. Jude Law não se deixa engolir pelo carisma de Downey Jr. e demarca seu território como um Watson agressivo e, ao mesmo tempo, elegante. Um choque para quem sempre pensou no médico como um senhorzinho bonachão de monóculo.


A macheza estilosa e o humor irreverente dos personagens são por vezes exagerados, mas é nesses momentos que fica evidente a mão do diretor Guy Ritchie, famoso por glamourizar o submundo britânico em seus longas anteriores. E talvez o grande segredo para se divertir com Sherlock Holmes seja apreciar o filme pelo que ele é – uma grande brincadeira –, ao invés de ficar se detendo em comparações com a literatura ou até mesmo com outros filmes que trataram o detetive inglês de modo mais reverente.

Pontos fracos o filme tem, sendo o mais chamativo deles a péssima escalação de Rachel McAdams para o papel de Irene Adler. A atriz simplesmente não convence como uma mulher esperta e sedutora a ponto de desestabilizar Holmes. Em compensação, Mark Strong faz barba, cabelo e bigode como o vilão Lorde Blackwood e Eddie Marsan acrescenta um bom toque cômico como o inspertor de polícia pouco esperto. O roteiro também peca por jogar muita informação em detrimento de um melhor desenvolvimento dos personagens secundários, mas nada que chegue a atravancar a fluência da trama.


Considerando que o desfecho deixa o caminho escancarado para uma sequência, ao final do longa a pergunta que não quer calar é apenas uma: quem será o Prof. Moriaty em Sherlock Holmes 2? Circulam rumores de que Brad Pitt já estaria em negociações com a Warner, mas por enquanto nenhum anúncio oficial foi feito. Mas isso é outra história. Literalmente.
Sherlock Holmes estreia amanhã.

Um comentário:

  1. Hm... Guy Ritchie se saiu bem nessa. O Downey Jr. e o Jude Law mandam bem mesmo.

    Eu remei contra a maré em relação ao Guy Ritchie. Passei a apreciar melhor os filmes dele após o último, RocknRolla. Hoje admito que gosto do "Snatch" e do "Jogos, Trapaças...". Acho que por isso curti essa sandice dele com o Sherlock.

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