terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Um Sonho Realizado



Sim, eu voltei! Depois de quase duas semanas fora do ar, estou de volta ao Hemisfério Sul. Acho que nunca tinha ficado duas semanas inteiras sem assistir a um novo filme na minha vida inteira (programação de avião não conta!), mas foi por uma causa mais do que justificável. Desde que eu me entendo por gente, venho alimentando esse desejo inquieto de conhecer a Itália. Não apenas por ser a terra dos meus antepassados, mas por um desses amores inexplicáveis que transcendem a pura questão étnica. E a belíssima terra da arte, cultura e comida deliciosa não me decepcionou nem um pouco. O italiano em geral é bastante amigável com o estrangeiro e costuma ficar ainda mais amigável ainda quando descobre que você é brasileiro. A maioria menciona a nossa música, mais que o futebol. Na minha breve estadia, pude conhecer três cidades muito diferentes entre si, mas igualmente encantadoras: Roma, Firenze (Florença) e Veneza.

Roma é um lugar que praticamente te esmaga com o peso de sua rica História. O complexo formado pelo Coliseu, Fórum Romano e Palatino, mesmo em ruínas, dá uma idéia da majestade do antigo Império Romano. E o que dizer da Capela Sistina e seu famoso teto pintado pelo gênio Michelangelo? Uma cidade cosmopolita, vibrante, elegante, cheia de cafés maravilhosos e lojas para todos os bolsos e gostos. O metrô é feio e malcuidado, mas funciona com perfeição, você nunca espera mais de um minuto na plataforma. Bem no centro da cidade encontra-se a Fontana di Trevi, cenário imortalizado por Fellini em La Dolce Vita. Diz a lenda que se você jogar uma moedinha sobre o ombro, retornará a Roma. Bobagem, mas é claro que eu joguei. Quero retornar a Roma e, de preferência, para ficar.


Firenze é uma pequena cidade que guarda um enorme tesouro artístico. Não apenas pela riqueza do acervo dos seus muitos museus, mas pela própria arquitetura da cidade, onde cada prédio, praça ou igreja é de encher os olhos. Para mim, o ponto alto foi visitar a Galeria della Accademia, construída especialmente para abrigar o famoso Davi de Michelangelo, um colosso de cinco metros de altura esculpido num bloco único de mármore e que parece respirar. Outra atração maravilhosa é a Piazza della Signoria, um museu ao ar livre onde se encontram diversos trabalhos originais e ainda a cópia do Davi. Ou seja, quem não pode bancar os museus não fica sem apreciar arte de primeira. A cidade ainda é um importante pólo na comercialização de artigos de couro e ourivesaria.


E Veneza é simplesmente única. Cidade bela, estranha e fascinante. Basta uma chuvinha para os canais transbordarem e todo mundo andar pelas ruas de galocha. O interessante é que o fato das ruas estarem alagadas não interfere em nada no funcionamento da cidade, como se fosse apenas um fato cotidiano. Ao contrário do que eu sempre ouvi falar, a água do canal não é barrenta nem cheira mal. A polícia parece não ter muito que fazer, já que a criminalidade lá é nula. Quando amanhece chovendo, você sempre os vê pela manhã arrumando umas passarelas de concreto no meio das ruas principais para que os turistas – porque veneziano que é veneziano mete logo o pé na água – possam circular com mais conforto. Um detalhe interessante é que o pessoal lá é adepto da hora da sesta e a grande maioria do comércio fecha entre 14 e 17h. Outra curiosidade que observei, essa nas três cidades, é que a maioria dos estabelecimentos não faz separação entre banheiro feminino e masculino.


Para não dizer que tudo na viagem foi perfeito, o único detalhe desagradável foi voar pela Air France. Aeronaves ultrapassadas, pessoal de bordo pouco simpático e – terror dos terrores – conexão no Aeroporto Charles de Gaulle. Você sempre desembarca num terminal oposto ao que vai embarcar e, como aquilo lá é enorme, gasta no mínimo uma meia hora para conseguir chegar ao seu portão, transtorno piorado pela sinalização confusa e má-vontade dos franceses, que dão sempre informações incompletas e imprecisas. Mas é claro que isso não tem absolutamente nada a ver com a estadia na Itália em si. Na terrinha, foi tudo perfeito.

Hoje assisti a Sherlock Holmes. Meu reencontro com o cotidiano, com a sétima arte, enfim, com a minha vida. Em breve, comentários sobre o filme. Mas provavelmente ainda surgirão outros breves comentários sobre a viagem. Me avisem quando eu estiver ficando chata, porque acho que vai demorar um pouco até eu parar de falar no assunto.

Bom 2010 para todos!


2 comentários:

  1. Fala mais, conta mais! Quero muito conhecer a Itália e acho legal saber as opiniões de quem já foi. Mas nunca mais vi você nas mensagens instantâneas...

    Até mais!!!

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  2. Puxa, é maravilhoso... Tudo que a gente imagina e mais um pouquinho. Arte, cultura, gastronomia, pessoas cativantes, você se sente quase vivendo num filme. Agora eu entendo o porquê da fama das moedinhas na Fontana di Trevi. É que as pessoas que vão à Itália ficam tão obcecadas em voltar que a "mágica da moedinha" acaba acontecendo, mas pelo próprio desejo da pessoa.

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