quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Onde Vivem os Monstros


É meio complicado resenhar Onde Vivem os Monstros. O filme, baseado no livro homônimo de Maurice Sendak, Where the Wild Things Are (no original), é totalmente concebido sob a ótica de um mundo visto pelas retinas de uma criança, embora esteja longe de ser um filme destinado a elas. Contraditório, não?

A figura central do filme e de acordo com a qual ele se molda é Max, um garoto de uns 10 anos, possuidor de uma imaginação bastante fértil. Para ele, um simples buraco na neve é um iglu e as histórias infantis e contos de fadas fazem todo sentido. Por isso, certas atitudes normais para os adultos desencadeiam nele reações desproporcionais, como acontece quando um amigo da mãe aparece para jantar. Sentindo-se invadido em seu reino, Max reage de forma rebelde e descontrolada. Ao ser repreendido, sai sem rumo e acaba aportando em uma floresta habitada por seres gigantes, selvagens e peludos. Lá, travessuras infantis tem força de Lei, e Max é o rei.

Interessante notar que todos os monstrinhos, de uma forma ou outra, simbolizam diferentes facetas da personalidade e dos desejos do próprio Max, o que transforma a terra dos monstros numa egotrip muito doida. Spike Jonze confere um acertado tom onírico ao filme, embora este seja assumidamente um trabalho de alcance mais modesto do que longas essenciais como Quero Ser John Malkovich e Adaptação.

Um trunfo inquestionável é o entrosamento do elenco. Ao lado do excelente garoto Max Records, atores tão diversos quanto James Gandolfini, Paul Dano, Catherine O'Hara, Forest Whitaker, Michael Berry Jr., Chris Cooper e Lauren Ambrose dão vida às criaturas bizarras que povoam a imaginação de Max. E o mais legal é sentir que cada um deles realmente entregou-se à viagem de Spike Jonze sem parar para pensar o quanto é esquisito o universo de seus não menos esquisitos personagens.

Talvez resida aí o grande impasse do filme: afinal de contas, a que público ele se destina? É uma fábula adulta demais para os pequenos e um tanto ingênua para os adultos. No meu caso, confesso que achei diferente, ousado, bem sacado em diversos aspectos, enfim, um passatempo surpreendente, mas que não chegou a me conquistar incondicionalmente. Volto a dizer: é um filme complicado de analisar. Não amei. Gostei. Só não sei definir muito bem os aspectos que me encantaram ou desencantaram nele. Estreia amanhã. Vale conferir e tirar suas proprias conclusões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário