segunda-feira, 4 de agosto de 2008

As Favoritas


Quando alguma coisa cala nossa boca é preciso ter coragem e dar a mão à palmatória: OK, eu voltei a assistir novela. E a responsável por isso é a ótima A Favorita. Eu tenho várias restrições quanto às novelas, sempre tive. Alguns dizem que é preconceito, outros esnobice intelectual. Mas a verdade é que eu acho que as novelas, em geral, seguem fórmulas parecidas: uma mocinha sofredora, um herói desejado e um vilão que morre no último capítulo. Um núcleo “pobre” responsável pelo alívio cômico e um núcleo "rico" responsável por ditar a moda que logo estará nas ruas. Sem contar a irritante mania de “esticar” a trama quando esta faz algum sucesso e o critério midiático que faz com que atores medianos se sobressaiam às custas de usar atores mais experientes como seus coadjuvantes de luxo. Enfim, creio que vocês entendem do que eu estou falando: isso tudo cansa.

Eis que chega A Favorita quebrando a maioria dos cânones de novela das oito (que há muito tempo é das nove, mas tudo bem): duas protagonistas no lugar de uma, cada qual com seu charme e apelo. A princípio, Flora parecia a boazinha. Agora o espectador já sabe que ela também joga sujo. A que ponto? Donatela parecia a vilã absoluta, mas fica difícil continuar pensando assim depois de acompanhar seu sofrimento. Causado pelas armações de Flora... Que deveria ser a boazinha. Vingança ou dissimulação? E, entre as duas, a filha gerada por uma e criada pela outra. Um argumento e tanto!

Claro que o melhor dos argumentos não se sustentaria se o elenco não estivesse à altura. E Claudia Raia e Patrícia Pillar estão dando show. As atrizes conseguem manter o suspense e a empatia de seus personagens em doses tão equilibradas que é realmente muito difícil saber em quem acreditar. Some-se a isso uma Mariana Ximenes talentosa como sempre e temos a base da trama apoiada em ótimos pilares. Sem contar a graça cafajeste de Murílio Benício em seu melhor papel na TV e mais um time de coadjuvantes de dar inveja, como por exemplo, o ótimo Leonardo Medeiros em sua primeira novela.

João Emanuel Carneiro, que despontou na Globo com A Cor do Pecado, chega ao horário nobre dando o que falar. E mais: em entrevista ontem, ele prometeu inovar mais uma vez ao revelar o culpado da morte de Marcelo Fontini já no capítulo de amanhã. Chega disso de assassino revelado no final. Claro que o autor deve ter novas cartas na manga, caso contrário não abriria mão de um trunfo dramatúrgico dessa importância logo no início da trama.

Não sei não, mas eu estou mais predisposta a acreditar na Donatela. Acho que ela está se dando mal rápido demais para ser culpada. Vamos torcer para que A Favorita se mantenha no mesmo nível até o desfecho e também para que o exemplo de João Emanuel dê uma sacudida nas bases da telenovela, que há muitos anos não se dispunha a inovar.

6 comentários:

  1. Eu não assisto televisão. Nunca. Só para ver filme. Acho a maior perda de tempo. Já sou medíocre o suficente sem a televisão, imagina com ela...

    Mas entendo totalmente o que você quis dizer. Aliás, já assisti algumas novelas na minha vida, como "A Indomada" e "Laços de Família", ambas boas novelas. Hoje em dia passo longe delas, mas não é a primeira opinião especializada que leio sobre essa novela que é positiva. Talvez dê uma espiada antes do jogo na quarta-feira...

    Abraço!!!

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  2. E eu não assistia uma novela há quase 10 anos, desde O Cravo e a Rosa (e mesmo assim, porque era uma adpatação de Shakespeare).

    Quando você resolver conferir, chamo tua atenção também para a abertura: simplérrima, elegante e eficaz. Sem peripécias gráficas nem erotismo gratuito, como costuma acontecer.

    Abs!

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  3. Erika, eu adoro a abertura da novela. Lá em casa, minha mãe e minha avó assistem e eu corro sempre quando escuto aquela música instrumental (até baixei a música).

    Pergunto-lhe: é impressão minha ou a abertura faz referência a grandes clássicos do cinema?

    Abraço!

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  4. Hummm... Não sei se é uma referência, mas que tem um climão de film noir, tem!

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  5. E agora que desvendaram o mistério, será que eles vão ter roteiro para manter o ritmo?

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  6. Oi pessoal. Tambem adoro a novela, mas achei a revelação da assassina meio forçada. O legal da novela era que voce não sabia pra quem torcer. As duas tinham capacidade de ser mocinhas e vilãs. Do modo que foi revelado a novela perde em dramaticidade e ganha uma grande vilã que deve segurar a novela daqui pra frente.
    abrços do Alan

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