sábado, 30 de agosto de 2008

O Nevoeiro


Fãs de Stephen King e dos filmes de terror em geral, alegrai-vos! Acaba de chegar ao circuito um dos melhores filmes do gênero feito nos últimos anos. O Nevoeiro foi escrito a partir de um conto publicado originalmente na coletânea Tripulação de Esqueletos, lançada em 1985, e é dirigido por Frank Darabont. Darabont, que dirigiu os ótimos Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre, certamente é o cara que até hoje melhor transpôs a obra do escritor para a telona, embora suas incursões anteriores não tivessem nada a ver com as famosas histórias de horror de King. Com O Nevoeiro, o diretor prova que é igualmente competente com o material sobrenatural de Stephen King.

David Drayton (interpretado pelo charmoso Thomas Jane) é um ilustrador de posters de cinema que vive em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos com a esposa e o filho pequeno, Billy. Após um forte vendaval que derruba árvores e danifica o sistema de comunicações, David vai com Billy e um vizinho até o supermercado buscar mantimentos. Enquanto estão no estabelecimento, a cidade é tomada por um estranho nevoeiro e eles ficam isolados junto com outros moradores dentro do supermercado. O terror se instala quando as pessoas descobrem que o nevoeiro abriga várias criaturas monstruosas. Mais incontrolável do que os monstros escondidos na névoa serão os conflitos gerados pela convivência forçada entre essas pessoas, quando submetidas ao pânico e confinamento.

O mais intenso na história não tem nada a ver com as assustadoras criaturas que cercam as pessoas dentro do supermercado e sim com as reações que os seres humanos têm quando confrontados com a luta pela sobrevivência. É sempre chocante constatar o quanto é frágil o verniz de civilização que cobre a sociedade. Como diz um personagem a certa altura, as pessoas são loucas por natureza. Basta tirá-las de ordem estabelecida. Também chama a atenção a personagem de Marcia Gay Harden (a melhor atriz em cena), uma fanática religiosa que se aproveita do terror do desconhecido para cooptar seguidores e proclamar-se mensageira de Deus.

Trata-se de um excelente filme de horror, calcado muito mais no que a situação causa às pessoas do que nos monstros propriamente ditos. O retorno a uma espécie de lei da selva revela preconceitos, expõe fragilidades e endurece corações, embora também cause aproximação entre os que são realmente solidários. Da crescente tensão até o final amargo, a névoa que encobre a razão e torna todos prisioneiros de seus próprios medos é, com certeza, uma grande metáfora de diversos momentos, sejam políticos ou sociais, vividos pela humanidade. E o desfecho perturbador e isento de concessões eleva ainda mais o nível de um filme que já se apresentava surpreendentemente bom, tornando-o um verdadeiro tratado sobre a natureza humana.

2 comentários:

  1. O Nevoeiro me surpreendeu. Darabont conseguiu êxito novamente com uma adaptação de Stephen King. E aquele final, meu Deus!!!

    Abraço!!!

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  2. Sou fã confesso de Stephen King. Fiquei curiosíssimo com o filme e aproveitarei a dica. Beijo, minha dinda!

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