quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Morte e Vida de Charlie


Charlie St. Cloud é um jovem de grande potencial: admirado por todos no colégio, velejador campeão e futuro aluno da prestigiada Universidade de Stanford graças a uma bolsa obtida com muito custo e mérito, Charlie está prestes a deixar a pequena cidade onde vive em busca de um belo futuro. Mas tudo muda quando ele perde o irmão menor, Sam, em um acidente automobilístico. Charlie, que conduzia o carro, reluta em aceitar a ausência do irmão e começa a vê-lo diariamente. Por conta de uma promessa feita pouco antes do acidente, Charlie deixa sua vida de lado e arruma um emprego de zelador no cemitério para poder continuar convivendo com Sam. Mas até quando ele poderá manter a própria vida em suspenso?

Embora tenha um roteiro razoavelmente fluente, a trama de A Morte e Vida de Charlie não chega a ser original. O filme todo lembra uma colcha de retalhos feita a partir de várias outras histórias dentro da temática I see dead people. Também é um pouco aborrecido o modo como o roteiro pesa a mão na dramaticidade, praticamente eliminando qualquer resquício de humor do filme. Tudo é excessivamente solene e cheio de mensagens edificantes em A Morte e Vida de Charlie; todos os personagens são muito corretos e sérios em suas atitudes, enfim, falta algo que realmente bagunce a estrutura. É como se o filme como um todo sofresse da mesma apatia que o protagonista passa a sentir depois da morte do irmão. Estranho também que a mãe amorosa vivida por Kim Basinger simplesmente desapareça da trama e deixe o único filho que lhe restou entregue à própria sorte.

Assim é o filme: embora não cometa nenhum grande pecado em sua concepção geral, é cheio de pequenos nós e incongruências que, ao longo da projeção, tornam o conjunto pouco consistente e até mesmo um pouco entediante. Sem contar que o detalhe que o diretor aparentemente pretendia que fosse o grande ponto de virada na história é meio previsível depois de algum tempo. E, mais uma vez, trata-se de uma surpresa já usada de modo mais interessante em outro filme da mesma temática – infelizmente, citar o filme ao qual me refiro seria um tremendo spoiler.


O bonitinho Zac Efron vem tentando provar que seu talento pode ir além do sucesso teen High School Musical. O rapaz até se saiu bem em trabalhos leves como Hairspray e 17 Outra Vez, mas dessa vez faltou experiência para dar estofo e complexidade a um personagem adulto. Efron não é desastroso, mas dá pouca densidade a Charlie, que passa por transformações muito profundas e, no final das contas, o espectador o conhece mais pela visão que os outros personagens tem dele do que pelo talento do ator. Mas Zac ao menos tem carisma. Não se pode dizer o mesmo de Amanda Crew, seu insosso par romântico na tela.

A Morte e Vida de Charlie é um filme cheio de boas intenções e sentimentos, mas que não consegue ir além do óbvio. Pode ser recomendável, contudo, para as fãs incondicionais de Zac Efron, já que o rapaz aparece na tela em generosas porções o tempo todo. Sexta nos cinemas.

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