quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Desconhecido


Liam Neeson é um ator sólido, daquele tipo que dá credibilidade a um filme. Assim como acontece com Harrison Ford, sua simples presença em cena faz o espectador suspender a descrença e acreditar em qualquer barbaridade. A trama de Desconhecido parte de alguns temas hitchcokianos recorrentes, mas opta por associá-los aos piores cacoetes dos filmes de ação americanos – perseguições cansativas, explosões de carros, etc. Só que, apesar disso, o filme consegue prender a atenção e evolui muito bem. Talvez seja justamente a presença de Neeson – e de mais alguns bons coadjuvantes – que faz as engrenagens funcionarem e mantém o filme nos eixos do bom entretenimento.

Liam Neeson é o Dr. Martin Harris, cientista americano que chega com a esposa a Berlim para uma conferência. Após um acidente de carro, ele acorda no hospital com lapsos de memória e descobre que esteve em coma durante quatro dias. Ao retornar para o hotel em que estaria hospedado, Martin descobre não apenas que a esposa não o reconhece, mas também que outro homem assumiu sua identidade. Desacreditado pelas autoridades e perseguido por assassinos desconhecidos, Martin precisa buscar em sua memória prejudicada pistas para descobrir o porquê do pesadelo que está vivendo.

O diretor Jaume Collet-Serra, o mesmo de A Órfã e A Casa de Cera, se sai razoavelmente bem em sua primeira incursão fora do gênero terror. O trabalho do cineasta não inova, mas tampouco compromete. O roteiro de Oliver Butcher e Stephen Cornwell também tem bons momentos, especialmente nas cenas que envolvem o ex-agente da Stasi. A boa decisão de basear a trama em Berlim (ao invés de Paris, conforme no romance do qual foi adaptado o roteiro) também ajuda, conferindo uma dose extra de mistério, devido ao exotismo das boates e todo o clima underground berlinense.


Se Liam Neeson é um ponto forte para o bom desenvolvimento do longa, o desempenho fraco de January Jones e Diane Kruger (que esteve bem melhor em Bastardos Inglórios) atrapalha bastante por outro lado. Já o time dos atores coadjuvantes se mostra bem mais coeso, com destaque especial para a participação breve, porém fundamental, de Bruno Ganz. Suas falas sobre a habilidade dos alemães em negar o passado são simplesmente brilhantes. Vale lembrar ainda que Liam Neeson e Bruno Ganz já foram, respectivamente, Oskar Schindler e Adolf Hitler no cinema.

Desconhecido é diversão escapista eficiente, daquelas ideais para curtir munido de um saco de pipoca e uma boa companhia. O filme estreou em primeiro lugar em casa, arrebatando US$ 21,7 milhões das bilheterias americanas em seu final de semana de abertura. Vamos ver como se sai por aqui, em meio a tantos oscarizáveis em cartaz.

Estreia nesta sexta.

2 comentários:

  1. Considero Jaume Collet-Serra um cineasta habilidoso, imaginativo. Eu mesmo acho "A Casa de Cera" um grande barato, especialmente pela atmosfera provocada pelos cenários. Devo assistir a este filme. O que me surpreende é ver Liam Neeson trabalhando sem parar. Depois da trágica morte da Natasha eu pensava que ele daria uma pausa. Ainda bem que não.

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  2. Também acho ótimo o Neeson ter canalizado o luto dessa forma. Quem sai ganhando somos nós.

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