segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Hasta Luego, Barça

Pelas ruas do Bairro Gótico

Então vamos a mais alguns pontos a destacar sobre Barcelona, ainda que eu esteja ciente de que mesmo um livro inteiro não é capaz de dar a medida exata de conhecer ao vivo uma cidade, ainda mais se tratando de uma tão vibrante e especial. Outra região muito interessante de ser explorada é o chamado Bairro Gótico, que concentra a parte mais antiga da cidade, apresentando, até hoje, diversos vestígios da era medieval – como, por exemplo, pedaços da antiga muralha romana. Com suas vielas de pedra, construções imponentes e arquitetura gótica, vale muito a pena dar uma conferida na região. É lá que fica também o Museu Picasso, o qual infelizmente acabei não conhecendo pelo fato de ter visitado o bairro no dia 26 de dezembro e desconhecer que era feriado religioso na cidade. E na Espanha, ao contrário de outros países, os museus e comércio em geral não funcionam nos feriados. A exceção são os cafés e restaurantes e algumas lojas de souvernirs, mesmo assim restringindo-se às mais próximas dos grandes focos turísticos. Outro ponto sobre o qual não poderei opinar é a vista interna da catedral Sagrada Família. Mesmo tendo me hospedado a cerca de 100 metros dela, as filas quilométricas e o preço salgado (10€, demais para uma igreja, mesmo sendo uma do Gaudí) desanimam um pouco, ainda mais quem tem poucos dias e muito para ver.

Uma das muitas construções medievais do Bairro Gótico 

Por outro lado, indo de metrô até a estação Espanya, pode-se apreciar uma vista magnífica, conhecer o incrível MNAC – Museu Nacional d’Art de Catalunya – e, ainda, o prestigiado centro cultural Caixa Fórum (o CCBB de lá, cheio de ótimas exposições gratuitas). O MNAC é um grande museu centrado em arte barroca, gótica e romântica. Estão expostas obras de Fra Angelico, El Greco e Goya, dentre outros mestres. Vale uma visita tanto pelo acervo como pela localização privilegiada, em meio a uma bela região arborizada. Ao sair do metrô, é só pegar a Avinguda de la Reina Maria Cristina e já se pode vislumbrar lá no alto o impressionante edifício do museu. A meio caminho da subida (bem equipada com várias escadas rolantes) encontra-se a Fonte Montjuic, cercada de barraquinhas, atividades culturais e muito movimento. Essa fonte protagoniza periodicamente um espetáculo que parece ser bárbaro, com luzes coloridas que dão a ilusão das águas dançarem ao som da música. Como minha estadia na cidade não coincidiu com a programação de lá, infelizmente também não pude conferir essa atração.

O MNAC - Museu Nacional d'Art de Catalunya

Barcelona vista do pátio do MNAC

Mais ou menos à altura da Fonte Montjuic tem a Avinguda Marquès de Comillas. No número 13 fica o excelente centro cultural Caixa Forum. Dentre cinco exposições diferentes, a que mais me chamou a atenção foi uma sobre os impressionistas franceses. Com a minha mentalidade desconfiada de brasileira, já estava prestes a achar que não poderia ser uma exposição tão importante assim pelo simples fato de ser gratuita. Qual não foi a minha surpresa ao adentrar no espaço e dar de cara com uma enxurrada de obras de Renoir, Monet, Manet, Degas e muito outros? Ou seja, só a nata da nata do impressionismo. A Caixa Forum não possui acervo permanente, mas sua programação é sempre variada e interessante.

Deixando a cultura um pouco de lado, não se pode ir a Barcelona e deixar de se perder pelas famosas Ramblas. As Ramblas, na verdade, se fundem em uma grande e larga avenida que inicia na Plaça Catalunya e termina na zona portuária, em frente à estátua de Cristóvão Colombo (foto). Muitas lojas, bares, teatros, barraquinhas e, principalmente, a expressão máxima do espírito catalão, com sua boemia e informalidade. Antes da viagem, havia lido em alguns lugares que ali seria também zona de prostituição. Bom, se é, não foi perceptível para mim. Ou talvez tenha a ver com a época do ano, inverno, proximidades do Natal, etc. Mas vale comentar que na Espanha as sex shops são verdadeiras sex shoppings: coloridas, amplas, com vitrines de paredes inteiras e localizadas em ruas principais, bem à mostra.

A já citada Plaça Catalunya pode ser considerada o ponto nervoso da cidade. A partir dela, se tem acesso às três mais importantes avenidas da cidade: as Ramblas, o Passeig de Gracía (avenida das lojas de grife e também dos edifícios do Gaudí mostrados no texto de 7 de janeiro) e a Gran Vía com seus muitos hotéis, lojas e restaurantes.

Foi pelas Ramblas, ainda, que eu tive oportunidade de assistir a um legítimo grupo de flamenco, o Gran Gala Flamenco. Vale lembrar que o espetáculo flamenco tradicional não é somente dança, mas sim um conjunto de canto, música, percussão e dança, tudo num estilo bem intimista que pode ser, guardadas as devidas proporções, comparado às nossas rodas de samba, já que alguns elementos do grupo se revezam nas funções. O diferencial deste visceral espetáculo, chamado Opera y Flamenco, que é um enorme sucesso na Europa desde 2004, foi o fato deles utilizarem trechos de óperas famosas – como Carmen e Turandot – em ritmo flamenco, juntando em uma apresentação só dois estilos tão diferentes, mas, ao mesmo tempo, igualmente passionais. Maravilhoso, sem palavras! Outra coisa que chama atenção em Barcelona é que, a despeito daquilo lá parecer sempre uma grande farra, tudo funciona com pontualidade britânica. Assim como o metrô entra na plataforma sempre segundos antes do esperado, os teatros começam seus espetáculos rigorosamente na hora. Sem avisos sonoros ou três sinais de lambuja. Apagam-se as luzes e pronto, azar de quem não chegou.

Esse é, então, o último texto sobre a encantadora Barcelona, cidade que conquista e nos deixa com vontade de visitá-la não somente uma vez, mas sempre que possível. Aguardem em breve as impressões sobre Madrid!

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