quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

¡Hola, Madrid!


Depois de cinco dias de sonho em Barça, era hora de partir rumo à capital da Espanha, cidade dos grandes museus, residências dos reis, cenário de tantos filmes de Almodóvar. Uma curiosidade em relação a Barcelona é que, mesmo Madrid sendo bem maior, seu centro histórico é bastante compacto, ou seja, se você buscar um hotel bem localizado pode conhecer os principais pontos turísticos a pé mesmo, o que é impossível em Barcelona, que tem suas atrações mais espalhadas. E a localização do meu hotel não poderia ser melhor, na Calle de Atocha, equidistante dos dois principais museus, o do Prado e o Reina Sofía, e a cerca de 10 ou 15 minutos de caminhada tanto do Palácio Real como da Puerta Del Sol, praça que é o grande polo comercial e social da cidade.

Chegando a Madrid, choca um pouco a diferença no trato com as pessoas. Depois de alguns dias acostumada com a simpatia e relaxamento dos catalães, o madrileno parece ríspido, estressado e grosseiro. E também um pouco ineficiente em termos de serviços (levam horas para te atender, as lojas sempre tem filas lentas, etc.). Mas é a vida, e o viajante tem que saber se adaptar às circunstâncias, já que de nada adianta ficar chorando sobre a Catalunha perdida, então era hora de começar a curtir a cidade e valorizar o que ela tem de melhor: seus museus.

Interessantíssima vitrine de uma loja de souvenirs do Paseo del Prado

O Museo del Prado dispensa apresentações, é o grande museu da Espanha e um dos maiores do mundo. Seu acervo tem obras de gênios como Goya, Velásquez, El Greco, Hieronymus Bosch (conhecido por lá como El Bosco), Rubens, Tintoretto, Caravaggio, Tiziano e tantos outros. O grande quadro, aquele que todos se acotovelam para ver e é o símbolo do museu, é As Meninas, de Diego Velásquez. Emocionante ver essa incrível obra, talvez uma das primeiras a se utilizar da metalinguagem (o próprio Velásquez se retrata na pintura diante do cavalete). Outra obra que merece atenção especial é o festival de picardias de O Jardim das Delícias, de Bosch, e também a sala no andar térreo que contém as chamadas “pinturas negras” de Goya, série de catorze quadros que o artista pintou originalmente nas paredes de sua casa e que representam sua fase mais enigmática e nebulosa. Os ingressos para o Prado custam 12€, mas valem cada centavo. Se você tiver disponibilidade, é melhor passar um dia antes e comprar para o dia seguinte para evitar filas.


O Museo Reina Sofía, a poucas quadras dali, é igualmente importante. A diferença está no foco: enquanto o do Prado é mais centrado na arte clássica, o Reina Sofía se concentra mais em artistas do século XX, como Picasso, Dalí e Miró, além de incontáveis fotografias de Man Ray. É lá, ainda, que se encontra o célebre Guernica, mural idealizado por Picasso em 1937 para uma exposição em Paris e que representa o repúdio do artista à Guerra Civil Espanhola, ao retratar em preto e branco o bombardeio sofrido pela cidade de Guernica por aviões alemães, em apoio ao ditador espanhol Franco. Sobre o mural, Picasso teria dito que “o quadro não foi feito para decorar casas e sim como uma arma de ataque e defesa contra o inimigo”. Obrigatório. Curiosamente, o museu permite que se tirem fotografias sem uso de flash em algumas salas – obviamente, a tumultuada sala onde está exposto Guernica não se inclui nessa concessão. Mas diversas obras de Dalí estão abertas às lentes dos visitantes, como se pode ver nas fotos abaixo. Outro mimo simpático é a salinha que passa para o público o polêmico curta de Dalí e Buñuel feito em 1929, O Cão Andaluz. E o melhor sobre o Reina Sofía é que ele é bem mais econômico do que o imponente Prado: ingressos a 6€.


Caso esteja com tempo e disposição, existem, ainda, outros museus importantes na região, omo o Thyssen-Bornemisza e outra unidade do Caixa Forum (ambos no Paseo del Prado), mas realmente o Prado e o Reina Sofía são aqueles que não se pode deixar de visitar em hipótese nenhuma. 

El Rostro del Gran Masturbador, Salvador Dalí, 1929

El Enigma de Hitler, Salvador Dalí, 1939

2 comentários:

  1. Adorei a matéria, bem instrutiva. Me deliciei com os detalhes das obras. Infelizmente não fui a nenhum museu de Madri, por falta de tempo. Assim, já tenho uma boa desculpa para voltar lá.

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  2. E nós acabamos não indo a Toledo... O dia que pensamos em ir amanheceu chovendo e depois tinha tanta coisa ali por Madrid mesmo... Falta mesmo tempo para ver tudo que queremos e com certeza é sempre bom ter uma desculpa para voltar! Bjs

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