quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

La Nochevieja


O Ano-Novo madrileno é nas ruas, ou melhor, na praça. A Puerta del Sol, enorme praça onde desembocam algumas das principais ruas do centro da cidade, vira uma festa bastante animada e colorida no dia 31 de dezembro ou, como eles chamam, la nochevieja. Assim como é tradição em Veneza usar as máscaras de carnaval no réveillon, em Madrid o barato é usar perucas coloridas. Essas de náilon mesmo, estilo Casas Turuna, quanto maior e mais exótica, melhor. E não é onda só de garotão ou turista, é tradição local. Podemos ver vários senhores de idade com moicanos bicolores ou senhorinhas exibindo um tremendo black power. Também não faltam os que vão além e se fantasiam, se exibem, usam óculos loucos, chapéus com chifre de touro, é um verdadeiro carnaval.

Outra tradição diz que à meia-noite se deve ter à mão doze uvas verdes e comer uma a cada badalada do relógio da prefeitura que anuncia o novo ano que se aproxima. OK, eu estava munida da simpática latinha com as “doze uvas da sorte” que achei no supermercado. Claro que a praça estava cheia de ambulantes vendendo saquinhos contendo doze uvas e garrafas de Cava (o tradicional espumante espanhol), mas eu estava mais do que preparada com minha latinha numa mão e a garrafinha one way de Cava na outra. O grande problema foi conseguir ouvir as badaladas: é tanta zoeira que, quando dei por mim, o letreiro de “Feliz 2012” já havia se acendido e eu ainda tinha metade das uvas na mão. Mas acho que valeu pela intenção.

A noite madrilena é animada, começa altas horas, então o cidadão em geral vai para a Puerta del Sol, faz uma baguncinha básica e depois parte dali para outro evento. O importante é marcar ponto. Vi diversos cartazes de festas e ceias fechadas que começariam a partir de uma da manhã, sem hora para terminar. Chama atenção a organização nas ruas, com a polícia bem presente – com uma atitude eficiente, porém não-repressora – e o esquema montado para fazer fluir a massa humana, fechando algumas ruas e concentrando a passagem em outras. Tumultuado, sim; perigoso, de modo nenhum. Na praça reuniam-se grandes grupos, muito animados, inclusive uma turma de brasileiros, mas nenhum excesso ou princípio de confusão. Exemplar. Outra coisa que é bastante interessante é a liberdade expressada por casais de todas as orientações sexuais, cada qual na sua. Enfim, ninguém parece muito incomodado com a vida alheia e cada um curte sua nochevieja como prefere. Grande lição de cortesia e civilidade. 






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