quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

As Testemunhas


Ambientado na Paris de 1984, As Testemunhas faz um painel da onda de histeria e preconceito que varreu o mundo nos anos 80 com a descoberta da AIDS. Adrien é um médico homossexual de meia-idade com uma queda por parceiros bem mais jovens. Uma noite, passeando por um local de “pegação”, conhece Manu. Embora o rapaz deixe claro desde o princípio que não tem atração por Adrien, os dois acabam se tornando amigos – o que não impede que Adrien fique cada vez mais apaixonado por ele. Um dia ambos visitam um casal de amigos de Adrien: Sarah, escritora de livros infantis com pouquíssima paciência para o filho recém-nascido, e Mehdi, um policial durão. Mehdi e Manu logo iniciam um romance proibido, que sofre um baque quando Manu começa a apresentar sintomas de uma moléstia desconhecida.

As Testemunhas é um filme estranho. Seu lado mais interessante é como o retrato de uma época, a perda da inocência das pessoas que pensavam ser livres e, de repente, se viram aterrorizadas por sua própria e duramente conseguida liberdade sexual. Por outro lado, o longa tem um tom de denúncia e alerta que não faz muito sentido hoje em dia, quando as informações sobre o vírus da AIDS e sua prevenção são fartas e abundantes.

Também não ajuda o fato de todos os personagens serem egoístas e sem carisma, cada qual encarcerado no seu mundinho particular sem dar nenhuma atenção às necessidades de mais ninguém. Estamos falando de uma mãe que deixa o filho recém-nascido se esgoelando no berço e bota um walkman para não escutar seu choro; de um sedutor que se aproveita do afeto de um homem com quem não tem a mínima intenção de se envolver; de um cara de meia-idade que vive atrás de rapazinhos recém-saídos da adolescência; de um machão cheio de pose que arruma um romance secreto justo com o objeto de afeto de um amigo.

Somado ao fato de não ter uma condução das mais interessantes, resta ainda o problema da falta de ritmo do filme. As cenas alongadas e os diálogos desnecessários incomodam ainda mais na meia hora final, quando temos a sensação de que tudo já foi dito e o diretor está “enrolando” o espectador. Noves fora, resta um filme irregular. Algumas qualidades, vários defeitos.

Estréia nesta sexta.

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