quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Dia Em Que a Terra Parou


Desde 1938, quando Orson Welles leu no rádio uma versão dramatizada de A Guerra dos Mundos e causou uma tremenda confusão entre seus conterrâneos – o povo acreditou que estava de fato ocorrendo uma invasão alienígena –, o medo do desconhecido se instaurou de modo irreversível no imaginário dos americanos. Inúmeros filmes foram feitos explorando esse tipo de paranóia, em especial na década de 50. Só que o temor dos homenzinhos do espaço pouco a pouco foi cedendo lugar nos corações e mentes americanos a outras ameaças mais próximas. Considerando a evidente datação do tema, parece meio fora de propósito refilmar o clássico da ficção científica O Dia Em Que a Terra Parou.

Também vale lembrar que na época em que foi produzido o original (1951), a mensagem conciliatória do longa servia como uma luva para reforçar os argumentos dos que se posicionavam contra a Guerra Fria entre Estados Unidos e Rússia – impasse que mal havia começado. Nesta nova versão, a trama é essencialmente a mesma, acrescida apenas de uma melhor tecnologia em efeitos especiais. O extraterrestre Klaatu chega à Terra trazendo um alerta contra a destruição do planeta, mas suas intenções são mal-interpretadas pelos militares e governantes que o capturam. A única pessoa disposta a ouvir o que ele tem a dizer é a cientista Helen Benson, que o ajuda a escapar e se torna uma fugitiva também. E ela ainda terá que persuadir o alienígena de que a Terra e os humanos podem evoluir e merecem uma segunda chance.

Podemos definir O Dia Em Que a Terra Parou como um filme morno: sem grandes defeitos, mas igualmente desprovido de grandes qualidades. Um longa ao qual você assiste sem problemas, mas que não fará nenhuma diferença para sua cultura cinematográfica. Mesmo porque o original de 1951 está aí para servir de comparação, então não há muito sentido refilmar a trama sem ao menos tentar esboçar um olhar original sobre ela. Mas, infelizmente, a indústria hollywoodiana a cada dia que passa fica mais preguiçosa. É impressionante como os americanos gostam de refilmar as mesmas histórias de modo exatamente igual. Claro que existem bons remakes, como Os Infiltrados, mas são louváveis exceções. Mas também, o que sobraria da meca do cinema sem as adaptações de HQ's e remakes? Talvez uma meia dúzia de cineastas que têm estilo próprio.

Sobre o elenco, pode-se perguntar o mesmo a respeito de Keanu Reeves: o que seria dele sem os blockbusters? O ator é do tipo que nunca muda, nem de aparência nem de expressão facial. Então devem ter pensado que colocá-lo no papel de um ser vindo de outra galáxia seria uma boa opção. O problema é que, embora seja de outro planeta, Klaatu não é um robô. Se ele pode se comover com a afeição humana, como acontece ao presenciar um diálogo entre Helen e o enteado, deveria poder esboçar alguma reação. E Reeves mantém-se com a mesma cara de paisagem em todas as cenas, como se fosse um andróide. Jennifer Connelly faz o que pode, mas a coitada acaba contracenando sozinha. Tampouco ajuda sua personagem ser uma cópia de outro trabalho seu, a Dra. Ross do primeiro Hulk – de novo, fazendo as vezes da bela que compreende a fera. A curiosidade fica por conta de ver já crescidinho o Jaden Smith, filho de Will Smith dentro e fora das telas em À Procura da Felicidade.

Resumindo, o filme é como diz aquela música do Lulu Santos: “não vou dizer que foi ruim, mas também não foi tão bom assim”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário