quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Incrível Hulk


Considerando o respeito que eu tenho à bela carreira do cineasta Ang Lee, é com pesar que digo que acho seu Hulk (2003) uma porcaria. Um filme chato, cheio de pseudo-psicologismos e protagonizado por uma criatura digital tosca. E esse último defeito é o pior de todos, já que o monstro verde que ocupa grande parte da ação é imenso, mal-feito e não transmite nenhuma ilusão de massa corpórea. Ou seja: quando ele pula, parece mais um chicletão de hortelã quicando.

A primeira boa notícia a respeito dessa seqüência foi o fato de Edward Norton estar não apenas à frente do elenco, mas também como um dos roteiristas e uma espécie de manda-chuva de toda a produção. E Norton não é ator de associar seu prestígio a qualquer coisa. Seu Bruce Banner tem boa dimensão humana, mesclando um controle duramente obtido com momentos em que parece cansado de se obrigar a ser sempre bonzinho – destaque para a cena que mostra sua constrangedora situação em relação à amada Betty Ross. Quanto ao Hulk digital, embora ainda não seja um modelo de perfeição, certamente é bem superior ao do primeiro filme. As expressões faciais melhoraram bastante e a questão do peso também está mais convincente.

As primeiras seqüências de O Incrível Hulk impressionam pelas vertiginosas tomadas áreas da favela da Rocinha (já as tomadas internas foram feitas na favela Tavares Bastos, no Catete). Sim, é aqui no Rio de Janeiro que Bruce Banner tem vivido nos últimos cinco anos. Escondido dos militares que querem usar sua força como arma de guerra, ele trabalha numa fábrica de refrescos e busca uma cura para seu estado pesquisando as propriedades de plantas tropicais.


Os antecedentes à história são mostrados de maneira dinâmica e eficiente nos créditos de abertura, desde o fatídico acidente com os raios gama até sua separação forçada da Dra. Betty Ross. Nessa primeira parte, algo que certamente incomodará o público brasileiro é ouvir alguns atores falando um português bizarro ou – pior – dublados de modo incrivelmente tosco. Mas pelo menos eles mostram o povo aqui falando português e não espanhol. Já é um avanço. Também é curiosa a geografia do longa, que faz com que Bruce Banner desça da Rocinha pela escadaria Selarón da Lapa (foto ao lado); logo depois, tem uma tomada com os Arcos ao fundo e tudo. Mas esses detalhes são mais curiosidades para nós do que propriamente uma falha de continuidade.

O filme, como um todo, é mais voltado para a aventura, com boas doses de adrenalina. Louis Leterrier, que dirigiu antes somente Cão de Briga e Carga Explosiva 2, mostrou que é bom com cenas de ação. A meia hora final do filme, que se concentra no embate entre o gigante esmeralda e o deformadíssimo Abominável, é meio excessiva em termos de explosões e quebradeira... Mas isso já é quase uma exigência do gênero. Também foi assim com o Homem de Ferro. Aliás, uma das melhores cenas do longa é justamente a irônica conversa entre Tony Stark e o general Ross.

Completando o bom elenco, ainda temos Tim Roth numa caracterização demoníaca como Emil Blonsky (o Abominável), Tim Blake Nelson como o cientista dividido entre a ética e o deslumbramento com o poder da ciência, o veterano William Hurt como o general Ross e a belíssima Liv Tyler como Betty Ross. E por último – mas não menos importante –, o grandalhão Lou Ferrigno da série de TV dá voz ao Hulk.

O Incrível Hulk é um bom filme, que cumpre sua função básica: divertir. E isso já é bem mais do que conseguiu o Hulk anterior.

3 comentários:

  1. Ainda não vi o Hulk. Sendo mais interessante que a versão pessoal do Ang Lee já está de bom tamanho.

    Ótimo texto!!!

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  2. Superou minhas expectativas. Gostei bastante!

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  3. Achei o filme até os 20 minutos muito ruim, na versão legendada falam que ele está em Porto algum coisa não lembro agora, apesar de mostrar a rocinha e situá-lo lá colocam como sendo em outro lugar.
    Aquele careca implicante já trabalhou em outro filme que fala português bizarro, acho que é o "Bem vindo a selva".
    Enfim quando se trata de Brazil sempre os filmes no ofendem com tanta desinformação.

    Até já

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