terça-feira, 10 de junho de 2008

Quando Estou Amando


Depois de passar no Festival do Rio de 2006 com seu título original, Quando Eu Era Cantor, estréia mais uma vítima dos batismos esdrúxulos que infestam nosso cinema. O que só confirma a teoria do meu amigo Lucas de que aqui no Brasil todo filme que se pretenda vender como romântico deve, necessariamente, levar a palavra “amor” ou um derivado dela no título.

Gérard Depardieu interpreta Alain, um cantor decadente e pra lá de cafona que vive de animar bailes para descasados e eventos dançantes em geral. Numa noite de trabalho como outra qualquer, ele conhece a jovem Marion que – sabe-se lá porque – termina a noite na sua cama. Mas na manhã seguinte a bela sai correndo sem ao menos se despedir. A partir daí, Alain faz de tudo para se aproximar, apesar dela deixar claro que o que aconteceu entre eles foi um equívoco.

Depardieu é, sem dúvida, a melhor coisa do filme. Alain sabe que está ultrapassado e que está se apaixonando por alguém que não tem a mínima intenção de corresponder às suas atenções mas, ainda assim, está decidido a lutar pelo que deseja. E talvez, àquela altura da vida, ter o amor de uma mulher como Marion simbolize para ele muito mais do que uma conquista amorosa. E o modo como o ator constrói seu personagem, alternando fragilidade com auto-confiança, é encantador de se assistir. Sem contar que ele canta muito bem e tem boa desenvoltura no comando da orquestra, o que torna sua interpretação ainda mais verdadeira.

Já Cécile De France, que ficou conhecida com Albergue Espanhol e firmou seu nome com o cultuado Um Lugar na Platéia, deixa claro neste filme que ainda tem que comer muito feijão com arroz antes de contracenar com um ator do calibre de Depardieu. A atriz é bonita e tem um sorriso que ilumina a tela, mas em termos de atuação tem pouco a oferecer diante da intensidade dramática de Depardieu.

O ritmo do filme também não é dos melhores, com algumas cenas desnecessárias e outras que parecem jogadas na tela sem que tenha havido uma boa transição. Resta saber se a deficiência é do roteiro ou da edição. Ainda assim, a ótima performance de Gérard Depardieu mantém o interesse do espectador até o final.

2 comentários:

  1. Gérard Depardieu é um cara bastante competente e, sem dúvida, esse filme deve elucidar isso.

    Abraço!!!

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  2. Pois é, eis um filme que me parece interessante, mas ao mesmo tempo não me empolga tanto para que eu corra para assisti-lo.

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