sexta-feira, 18 de julho de 2008

A Ilha da Imaginação


Ao final de A Ilha de Imaginação a pergunta que não quer calar é apenas uma: por que cargas d'água Jodie Foster, do alto do poder conferido por seus dois Oscars, se meteu nessa roubada? A história não tem a mínima plausibilidade e resulta num misto de aventura e fantasia que deve parecer esquizofrênica até para as mais crédulas crianças. Claro que no universo da magia tudo é possível, desde que os códigos deste universo sejam definidos e respeitados. E, para começo de conversa, o filme não chega nem a se decidir entre enveredar pela aventura pura e simples ou abraçar a fantasia. O resultado é um longa frouxo e sem unidade.

A história é centrada em Nim, uma garotinha de onze anos que vive numa ilha paradisíaca com seu pai, o cientista Jack. Como ela mesma frisa numa narração no começo do filme, seu pai não permite que ninguém ponha os pés na ilha porque quer manter o local intocado e escondido de outras pessoas (o que não fica claro é com que direitos, mas tudo bem). Até mesmo o navio de suprimentos é proibido de ancorar muito perto da praia, tendo que esperar que Jack e Nim os encontrem longe da costa. Mas, inexplicavelmente, a casa deles tem luz elétrica, telefone e internet de última geração.

Nim é aficionada pelos livros de aventura pseudo-autobiográficos de Alex Rover, mas desconhece que as aventuras que tanta a encantam são escritas por Alexandra Rover, uma agorafóbica que não sai de casa há vários meses. Um dia, quando Jack está fora numa espécie de expedição, Nim percebe que seu pai recebeu um e-mail de Alex Rover, pedindo informações sobre o vulcão da ilha onde eles vivem (estranho que Jack seja tão ferrenho em esconder sua ilha e não se importe em dar entrevistas sobre ela). Nim começa a se corresponder com Alex – na verdade, Alexandra – e é a pessoa para quem ela pede ajuda quando Jack se perde no mar e não retorna para casa no dia previsto.

Já viram tudo, né? A mulher que tem medo até de pegar a correspondência na caixa de correio pega um avião e se dispõe a ir ajudar uma garotinha que ela nunca viu antes. Pior do que isso só o paizão perdido no meio do mar e gritando para o infinito “Nim, eu prometo que voltarei para você”. Patético.

No meio disso tudo, ainda tem uns animais que se comunicam com as pessoas e sabem do que elas precisam e a intrepidez de Nim para afugentar uns turistas que desembarcam para um piquenique em sua ilha justo quando o pai está ausente. A pequena vira uma espécie de Indiana Jones misturado com o garotinho Kevin de Esqueceram de Mim. Ah! Já ia esquecendo de mencionar: Alexandra tem um amigo imaginário que seria a projeção do herói que ela mesma criou e ele tem as feições do pai de Nim. Conveniente, né?

Abigail Breslin, a miss sunshine, é sempre uma gracinha em cena. Mas até mesmo esse trunfo não pode ser apreciado a contento aqui no Brasil, já que o filme chega aos nossos cinemas com 100% das cópias dubladas. No mais, Gerard Butler se esforça para dar conta de seu papel duplo, apesar de suas falas não ajudarem muito, e Jodie Foster precisa rever seus critérios de aceitação de novos trabalhos. Porque realmente não dá para entender uma atriz do seu escalão num filme desses.

Para quem tiver que levar os pimpolhos ao cinema, é bem mais negócio optar pelo engraçadinho Kung Fu Panda. Ou até mesmo a aventura meia-boca Viagem ao Centro da Terra. A Ilha da Imaginação exige muito mais boa-vontade do que nossa imaginação pode suportar.

Um comentário:

  1. Nunca gostei desse tipo de filme. Na verdade, nunca gostei até ver o simpatissísimo "As Crônicas de Spiderwick". Posto isso, digo que ver "A Ilha da Imaginação", mesmo sabendo que o filme não deve ser bom.

    Abraço!!!

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