terça-feira, 8 de julho de 2008

O Amor nos Tempos do Cólera


Chega essa semana às locadoras O Amor dos Tempos do Cólera, adaptação para o cinema do deslumbrante romance homônimo de Gabriel García Márquez. Em sua breve carreira nas telonas, o longa esteve longe de ser uma unanimidade. Adaptações são sempre problemáticas, ainda mais quando se trata de um livro tão consagrado como este. García Márquez é daquele tipo de escritor que consegue ser cultuado tanto pela crítica quanto pelo público e suas histórias ainda têm o fator complicador de lidar com o realismo mágico.

A história narra a saga de Florentino Ariza, que dedica sua vida inteira a obter o amor da inalcançável Fermina Daza. Entretanto, sua obstinação em conquistar a amada não impede que ele amenize sua solidão com todas as outras mulheres do mundo. Resumindo dessa maneira, parece uma história de amor clássica. Não deixa de ser, mas a intensidade com que o autor destrincha os sentimentos de seus personagens é algo que só quem leu consegue dimensionar.

Justiça seja feita: Mike Newell realizou uma transposição competente, mantendo-se bastante fiel ao espírito do livro. O roteiro é bem estruturado e só peca por soar um pouco literário demais em algumas falas, mas nada que comprometa seriamente o trabalho geral. O elenco também é bom, com destaque para Javier Bardem e sua incrível capacidade de conferir veracidade a qualquer personagem. Para decepção dos brasileiros, nossa grande diva Fernanda Montenegro, que interpreta a mãe do personagem, aparece pouco em cena. Mas, quando aparece, só a expressão de seu olhar faz valer a pena.

A direção de arte e os figurinos retratam com requinte um período que engloba o final do século XIX e o começo do século XX. A maquiagem e o processo de envelhecimento dos personagens também são bons, com algumas exceções. Ainda assim, na tela, O Amor nos Tempos do Cólera não possui a mesma força dramática da obra original. Por quê? Difícil explicar, já que a produção é bastante cuidadosa e não apresenta nenhuma grande falha. Talvez algumas coisas simplesmente fiquem melhor no papel do que na tela. Pode ser que a explicação seja simples assim.

Uma curiosidade: o livro O Amor dos Tempos do Cólera já foi usado como parte essencial da trama de uma comédia romântica. Em Escrito nas Estrelas, é dentro deste livro que a personagem de Kate Beckinsale escreve seu número de telefone, o que faz com que o personagem de John Cusack, assim como Florentino Ariza, passe anos buscando o rastro da amada.

Um comentário:

  1. Erika, devo ser um dos poucos que não leu o livro. O curioso é que gostei muito do filme, em todos os sentidos. Pois é, talvez o "peso" do brilho do antecessor literário é que "diminua" seu impacto. Beijo, parabéns pela ótima resenha.

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