sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Operação Valquíria


Operação Valquíria conta a história dos homens que arquitetaram um intrincado plano para assassinar Hitler e tomar o poder das mãos da SS, deste modo podendo negociar com os aliados e pôr fim à guerra. A trama se inicia quando o coronel alemão Claus von Stauffenberg, ferido em combate, retorna da África para Berlim. De volta ao centro do poder, ele se junta a um grupo de militares de alta patente descontentes com os rumos que a guerra tomou. É o coronel Claus quem descobre a Operação Valquíria, plano secreto que aciona o exército reserva de Hitler em caso de golpe político, e tem a idéia de usar o plano de Hitler contra ele mesmo, manipulando as forças militares de modo que pensem estar defendendo o governo estabelecido. Mas o sucesso do plano depende de um ponto muito importante: é preciso assassinar o ditador antes de tomar o poder.

Como ensina a História, o plano deu errado. E não foi o único, já que antes dele outras pessoas tentaram o mesmo. E fracassaram. Mas o filme não é exatamente sobre Hitler e sim sobre as pessoas que fizeram resistência a ele dentro de seu próprio governo e pagaram caro por sua ousadia. Vale ressaltar que o grupo não era norteado por nenhuma espécie de heroísmo desinteressado, já que a tentativa desesperada de remover o ditador do poder só foi posta em prática em 1944, ou seja, quando já estava evidente que a Alemanha perderia a guerra. O outrora amado führer agora era um empecilho para terminar com uma contenda que já estava perdida. Então, podemos dizer que Stauffenberg e cia. eram apenas homens inteligentes que estavam cansados de lutar por uma causa perdida.

O filme de Bryan Singer faz grande esforço para revestir o protagonista de humanidade, inserindo preocupações com a família e uma ternura em relação aos filhos que parecem ser mais do próprio Tom Cruise do que do personagem. Mas tudo bem, isso não chega a ser um problema. Quem sabe o cara realmente não entrou numa tomada de consciência, ainda que tardia? Tom Cruise, achincalhado por alguns críticos, não faz feio no papel. Seus detratores certamente se basearam mais em seus próprios preconceitos contra o ator do que no que ele demonstra na tela. Sua interpretação é bastante convincente, embora esteja cercado de coadjuvantes de primeiríssimo nível, com destaque para Bill Nighy e Kenneth Branagh.

Operação Valquíria é mais um thriller de espionagem do que um filme de guerra, tanto que a única cena de batalha é logo no começo, quando Stauffenberg é atingido num bombardeio e perde um dos olhos. É uma produção esmerada, bem escrita e bem dirigida. O porquê dela nunca chegar a decolar completamente é um mistério insondável. Estaria o público cansado de filmes sobre o nazismo e a segunda guerra? Pode ser. Ou talvez o filme apenas não impressione tanto por estar estreando em meio aos candidatos ao Oscar que, diga-se de passagem, este ano estão nivelando a disputa por cima. A verdade é que, ao final da projeção, a sensação é a de ter assistido a um filme OK. Nada além disso. Um longa que não errou, mas tampouco causou emoção – a presença de Tom Cruise por aqui causou muito mais sensação do que o filme em si.

De todo modo, Operação Valquíria tem o mérito de contribuir para divulgar esse episódio pouco conhecido da História recente. Vale pela informação, ainda que num longa de ficção.

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