sábado, 28 de fevereiro de 2009

A Lista


Está chegando às locadoras um dos piores filmes que passaram pelas nossas telonas no ano passado: trata-se de A Lista e seu desnecessário subtítulo “Você Está Livre Hoje?”. O filme pode ser descrito como o infeliz encontro de dois atores talentosos – Ewan McGregor e Hugh Jackman – com um roteiro fantasioso que se transforma em um filme previsível e irritante, que só piora à medida que a trama avança. McGregor é Jonathan McQuarry, um contador extremamente carente e solitário. Seu isolamento do mundo é agravado pelo tipo de trabalho que faz: auditoria terceirizada em empresas, ou seja, está sempre “de passagem” pelos lugares. Sua rotina é alterada quando conhece Wyatt Bose, advogado de uma das empresas por ele auditadas. Wyatt é o oposto de Jonathan: carismático, descolado, sedutor. E, sabe-se lá porque, resolve ser amigo dele.

A tal lista do título é uma espécie de clube do sexo, onde ninguém sabe o nome de ninguém, apenas o número do celular. Para uma noite de prazer sem cobranças posteriores, basta ligar para algum dos sócios e fazer a pergunta do subtítulo. Em caso afirmativo, cabe a quem ligou escolher o hotel e pagar a conta. Simples assim. Jonathan tem acesso a esse mundo de executivos estressados que não têm tempo a perder com vida afetiva quando troca de celular por engano com Wyatt e resolve responder a um apelo feminino sem saber o que lhe espera. Mas seu ingresso nesse universo sensual também lhe traz problemas até então impensáveis para um pacato cidadão como ele.

A história, que já parece pouco convincente descrita assim, é ainda mais esquizofrênica do que sugere essa breve sinopse. E o que mais incomoda é perceber que o longa tem pretensões elevadas. Vendido como um “suspense psicológico sedutor”, a trama soa falsa e esquemática a cada mudança de hábito do protagonista, que evolui de um homem triste e retraído a destemido herói, ainda que siga tomando decisões estúpidas e se livrando de becos sem saída graças a uma sorte mediúnica. O diretor estreante Marcel Langenegger, egresso da publicidade, declarou no material de imprensa do filme que a primeira vez que leu o roteiro achou que este “era tão bom e inteligente que lembrava Hitchcock e seus jogos de manipulação.” Das duas uma: ou Langenegger desvirtuou totalmente o tal roteiro inteligente ou nunca assistiu a um filme de Hitchcock.

A idéia da rede de sexo anônimo, que é a única coisa em todo o roteiro que poderia render algo de interessante, é abandonada logo no primeiro terço do filme, servindo apenas de pretexto para aproximar os personagens de Ewan McGregor e Michelle Williams. E a trama se perde de vez tão logo as verdadeiras intenções do personagem de Hugh Jackman vêm à tona. E o que dizer das participações de Natasha Henstridge e Charlotte Rampling? As atrizes são jogadas no filme em pontas tão inexpressivas que o espectador chega a se enganar, achando que seus personagens terão alguma importância mais adiante.

Para resumir a ópera, podemos dizer que a história capenga e cheia de acontecimentos pseudo-eletrizantes se arrasta até uma resolução previsível e boba, ainda que os disparates finais nada mais sejam do que uma evolução natural de todos os equívocos cometidos até então.

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