quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Elysium


A estreia deste filme vinha sendo bastante aguardada por dois motivos: pelos cinéfilos em geral por se tratar do segundo longa de Neill Blomkamp, jovem sul-africano que conquistou fama mundial e até mesmo algumas indicações ao Oscar com seu filme anterior (Distrito 9); já o público brasileiro tinha a curiosidade extra de conferir a primeira incursão de Wagner Moura em produções hollywoodianas. Elysium deve agradar nos dois sentidos.

A trama se passa no futuro, mais especificamente em 2154. Enquanto a Terra encontra-se totalmente devastada e a humanidade vive em condições deploráveis, os ricos e poderosos ocupam uma estação espacial chamada Elysium. Lá, todos moram em mansões equipadas com a mais alta tecnologia, a ponto de cada residência possuir um aparelho capaz de curar qualquer doença ou ferimento. Muitos tentam entrar em Elysium de forma clandestina, mas acabam invariavelmente capturados e deportados – qualquer semelhança com mexicanos tentando cruzar a fronteira americana certamente não é mera coincidência. Mundos opostos que podem entrar em colisão quando Max, um homem com os dias contados, se engaja numa missão suicida que pode alterar esse status quo definitivamente.


O elenco é bem azeitado, tendo à frente um Matt Damon convincente tanto na parte física como dramática. Jodie Foster obviamente está bem como a ambiciosa e insensível secretária de segurança, mas o vilão mais interessante do filme é o truculento Kruger do sul-africano Sharlto Copley (o ator foi o protagonista de Distrito 9). Os brasileiros Alice Braga e Wagner Moura têm bons papéis e ótimo desempenho na trama, com destaque especial para Wagner – o que é surpreendente, por ser o seu primeiro trabalho em uma produção internacional. Aliás, é uma injustiça que o nome do mexicano Diego Luna, que tem um personagem menor, apareça antes nos créditos.

Comparações entre este filme e Distrito 9 são inevitáveis, considerando a inesperada projeção que Blomkamp obteve com seu longa de estreia. É evidente que quando um diretor passa a trabalhar para um grande estúdio, em um projeto envolvendo milhões, isso acarreta alguma perda na liberdade criativa – em alguns casos, tal mudança pode ser fatal. Não foi o que aconteceu aqui. Embora seja inegável que Distrito 9 é um filme mais redondo de um modo geral, Blomkamp traz muito de seu estilo para este projeto e realiza um filme dotado de bastante personalidade. Na verdade, é curioso perceber que o distrito destinado aos alienígenas do filme anterior agora se assemelha ao planeta inteiro.


Ok, há exageros e incoerências. Um exemplo disso é quando Max se encontra com Spider (personagem de Wagner Moura) e o ameaça, dizendo estar cheio de radiação, mas logo a seguir “se esquece” disso e interage normalmente com as outras pessoas. O roteiro também deixa um pouco no ar os métodos de Spider para burlar a eficientíssima segurança de Elysium, contudo, relevados alguns tropeços, o resultado é um filme-pipoca que cumpre com louvor sua principal função: divertir.

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