quarta-feira, 4 de março de 2009

Quantum of Solace


Outro lançamento em DVD que não vale o dinheiro gasto na locação é Quantum of Solace, 22º longa da franquia 007 e segundo com Daniel Craig no papel. Na época em que Craig foi escolhido como o novo James Bond e criticado pelo biotipo mais abrutalhado, achei que estavam fazendo muito barulho por nada e que ele poderia ser uma opção interessante pelo fato de ser um bom ator. Só que o grande paradoxo nisso é que a partir do momento em que virou o agente com permissão para matar, Craig parece ter se esquecido de que sabe atuar – e isso está se refletindo até nos outros filmes que fez desde então. Em Quantum of Solace, fica ainda mais claro do que em Cassino Royale que o ator simplesmente faz cara de mau e liga o piloto automático diante das câmeras. E o elegante 007 está virando um brutamontes carente de massa cinzenta, o que fica evidente numa cena em que Bond massacra um suspeito sem a mínima necessidade – o cara estava armado apenas com uma faquinha minúscula. O típico caso do “mata primeiro, pergunta depois”.

O roteiro de Quantum of Solace dá uma certa continuidade a Cassino Royale, ligação que pode ser um problema para quem não tem os personagens e acontecimentos deste último bem guardados na memória. Essa correlação acontece principalmente pela preocupação dos produtores em mudar a imagem de mulherengo incorrigível do agente secreto, o que criou a necessidade de justificar a ausência de Vésper – o affair do filme anterior. Para resumir, a trama parte do estado de espírito pouco estável de Bond por causa do assassinato da bela Vésper, que havia deixado-o por um novo namorado que se revelou um agente duplo que se aproximou da moça para obter informações e causar sua morte.

James Bond agora segue os rastros de Dominic Greene, que comanda uma organização criminosa que tem passado despercebida por todos os órgãos de inteligência do mundo e tem agentes infiltrados em todos os lugares, até mesmo no M-16. Após um incidente em que M quase é morta por seu próprio guarda-costas, Bond percebe a extensão do poderio de Greene e sai em sua caçada numa viagem à Bolívia onde o criminoso pretende ajudar a legitimar um golpe militar que o deixará ainda mais rico às custas da miséria do povo. Sua maior aliada nesse plano solitário será Camille, uma jovem que quer se vingar do homem que assassinou toda sua família e está prestes a ser o novo ditador boliviano.

O diretor Marc Forster tem uma filmografia bem irregular. Se, por um lado, já dirigiu filmes excelentes como Em Busca da Terra do Nunca e Mais Estranho que a Ficção, também é o responsável por abacaxis como A Passagem e O Caçador de Pipas. Quantum of Solace nada acrescenta à carreira do cineasta, já que não passa de uma orquestração de explosões magníficas e pancadarias bem coreografadas. O longa ainda tem uma abertura estranhíssima, com corpos femininos saindo sinuosamente da areia. Está certo que os filmes da série costumam ter essas aberturas meio kitsch, mas esse é de uma cafonice que envergonharia qualquer publicitário amador.

Outra grande bola-fora da produção é escalar Mathieu Amalric para o papel de Dominic Greene, já que o ator não tem talento nem tipo físico para encarnar um grande vilão. Para compensar sua cara de bobo, o francês teria que apresentar uma atuação convincente e fazer um pouco mais do que apenas arregalar os olhos. Mesmo problema da beldade Olga Kurylenko, a bond girl da vez. Ninguém espera que uma atriz vença um Oscar num papel desses, mas beleza e boa interpretação não são necessariamente qualidades incompatíveis. No mais, Judi Dench como M sempre dá um charme a mais no filme e Jeffrey Wright e Giancarlo Gianinni defendem com garra e competência personagens que, infelizmente, aparecem pouco em cena.

No geral, fica a sensação de que o agente secreto a serviço de sua majestade segue um caminho cada vez mais parecido com o dos filmes de ação convencionais e mais afastado do charme e brilho de seus antecessores.

2 comentários:

  1. Só estou esperando a chegada deste na locadora pra ver - gostei bastante de Casino Royale, e espero mais deste !

    Tá add na minha página !

    beijo!

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  2. Eu não gosto do Daniel Craig como Bond. Acho ele um ator legal, mas o personagem combinava muito mais com o Pierce Brosnan. E esse filme é bem meia-boca.

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