quarta-feira, 25 de março de 2009

Ele Não Está Tão a Fim de Você


Situação clássica: garota sai com rapaz, acha que a noite foi ótima e já se empolga com a possibilidade de um relacionamento... só que ele nunca mais telefona. As amigas, tentando dar uma força, encontram possíveis desculpas. Ele perdeu o telefone, ficou doente, viajou para a Sibéria... Gigi está farta disso. Quer saber porque Conor não retorna seus telefonemas e procura forçar um encontro “casual” no bar que ele disse frequentar. Não encontra o ex-futuro-namorado, mas faz amizade com o cínico Alex, que simpatiza com ela e resolve lhe dar algumas dicas úteis sobre o mundo masculino. Segundo ele, não existe meio-termo nem desculpas. Se o cara quer encontrar uma garota, ele dá um jeito. Se não ligou, ele simplesmente não está a fim.

Existem filmes que gravitam em torno de seus personagens, ou seja, o que está acontecendo é sempre menos importante do que a reação ou sentimento do personagem a respeito do fato. Já este filme segue o caminho inverso: trata-se de um filme de situações, onde o que realmente importa é discorrer sobre determinado assunto – no caso, a dificuldade das pessoas em enxergar a verdade. O roteiro de Abby Kohn e Marc Silverstein foi baseado livro homônimo de Greg Behrendt e Liz Tuccillo, que, por sua vez, teve como ponto de partida um episódio do seriado Sex and the City em que um namorado da personagem Carrie explicava à sua amiga Miranda a tal tese depois que esta tentava entender o porquê de seu encontro ter acabado de forma insatisfatória.

Ele Não Está Tão a Fim de Você aborda de modo descontraído e esperto o modo como as pessoas – em geral mulheres, mas também há um exemplo masculino dentre os personagens – preferem se enganar a aceitar o óbvio quando se trata de rejeição. Afinal de contas, é sempre mais fácil fantasiar razões colaterais para um fracasso amoroso do que encarar a rejeição pura e simples. Quem nunca se consolou em ouvir frases como “eu acabei de sair de um relacionamento”, “não estou pronto para uma relação agora” ou a clássica das clássicas “não é você, sou eu”? E a ilusão costuma ser alimentada pelos amigos que, na melhor das intenções, sempre se lembram de um episódio parecido com o seu que teve um desfecho inesperadamente feliz. Conforme Alex diz a Gigi, casos assim são a exceção; a grande maioria de nós tem que se contentar em ser a regra.

O roteiro passeia por várias histórias interligadas, sendo os personagens Gigi e Alex os principais condutores da trama. Os personagens não são analisados de modo individual e funcionam mais como arquétipos: Gigi é uma romântica incorrigível, que não desiste de encontrar o amor; Beth tem um relacionamento feliz e estável, mas não consegue se desapegar do sonho do casamento; Janine está frustrada com o marido e direciona sua energia para a reforma da casa; Anna ignora os sinais de perigo e mergulha numa relação fadada ao desastre desde o princípio. Na banda masculina, Conor é o cara simpático que acaba sendo mais amigo do que amante da mulher que ama; Neil quer dividir a vida com a namorada, mas tem pavor da instituição casamento; e Alex tem teorias e regras que o protegem das armadilhas do amor, mas que acabaram transformando-o em um solitário.


O elenco é repleto de estrelas: Jennifer Aniston, Jennifer Connelly, Scarlett Johansson, Ben Affleck, Drew Barrymore. Mas, curiosamente, é a pouco conhecida Ginnifer Goodwin (antes desse filme, ela foi a esposa de Joaquin Phoenix em Johnny e June) quem dá sustentação ao filme com sua simpatia e sinceridade. É claro que nada do que é mostrado no longa chega a ser uma revelação e qualquer pessoa com um pouco de autocrítica pode chegar sozinha à maioria das conclusões a que os personagens chegam. Mas a mensagem é outra e isso fica claro justamente quando Alex vai contra alguns de seus próprios dogmas. O filme, longe de cair em contradição, ensina que cada caso é um caso e não existe regra nem fórmula infalível quando se trata de amor.

Estréia nesta sexta.

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