quinta-feira, 19 de março de 2009

Pagando Bem, Que Mal Tem?


Outro filme cuja data de lançamento vinha sendo repetidamente adiada chega às telonas nesta sexta: trata-se do novo longa do debochado Kevin Smith, diretor de O Balconista e Dogma, entre outros. Em primeiro lugar, é preciso que os caros espectadores desconsiderem totalmente a tradução estapafúrdia que o filme ganhou por aqui. O original Zack and Miri Make a Porno (Zack e Miri Fazem um Pornô) sabe-se lá porque se transformou no trocadilho infame (e sem graça) acima.

Os tais Zack e Miri do título original são dois amigos de uma vida inteira que dividem um apartamento e vivem soterrados em dívidas. A pindaíba chega ao ponto de terem a água e a luz cortadas, e de Miri pegar roupas emprestadas na loja de uma amiga para ir a uma festa. Nesta mesma festa eles conhecem um produtor e ator de filmes pornográficos que diz ganhar rios de dinheiro em Los Angeles, o que lhes dá a bizarra idéia de produzir e estrelar um pornô caseiro para fazer dinheiro rápido. Depois da promessa mútua de que o sexo (que eles nunca fizeram um com o outro) não interferirá na amizade, Zack e Miri reúnem uma equipe disposta a embarcar na loucura e apostam todas suas fichas na idéia. Conforme as gravações avançam, a dupla tem que lidar com imprevistos, problemas técnicos, inexperiência e, sobretudo, com os sentimentos que afloram entre eles.

O filme é uma produção ao estilo Kevin Smith, o que significa um enredo onde imperam as piadas escatológicas, os trocadilhos sexuais e o politicamente incorreto. Mas um aspecto curioso é que justo este filme que gira em torno de um tema tão escancaradamente sexual faz isso de um modo por vezes ingênuo e até mesmo carinhoso. Embora leve para a telona imagens pra lá de explícitas, o contexto é irreverente e a abordagem é a de uma comédia romântica convencional. Claro que uma comédia romântica onde mocinho e mocinha discutem sobre vibradores e deixar a porta do banheiro aberta no exercício de suas respectivas necessidades não pode ser tão convencional assim, mas o longa, por incrível que pareça, até que é bem-comportado em comparação com alguns outros trabalhos de Smith.


O resultado é um filme engraçadinho, mas que em alguns trechos não consegue manter o ritmo. Destaque para toda a sequência da festa de reencontro dos ex-colegas do colegial, que já vale a pena só pelo detalhe de ver Brandon Routh, o novo Superman, como o ex-bonitão do colégio com dificuldade em sair do armário. Esta cena é bastante engraçada e, por ser logo no princípio do filme, cria uma expectativa cômica que nem sempre é suprida durante o resto da projeção. De todo modo, o filme merece uma conferida.

Uma curiosidade: Jason Mewes, que costuma interpretar Jay, personagem-assinatura dos longas de Kevin Smith juntamente com Silent Bob (o próprio Smith), mal pode ser reconhecido neste filme sem o característico cabelão. Seu personagem é um ator pornô que tem como principal habilidade “ficar pronto” a qualquer instante.

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