quarta-feira, 14 de maio de 2008

Cada Um Com Seu Cinema


Outra novidade que chega nas locadoras esta semana é Cada Um Com Seu Cinema, filme conjunto que nasceu em comemoração ao 60º aniversário do Festival de Cannes. Gilles Jacob, presidente do evento, convidou 34 cineastas do mundo inteiro para contribuir com um curta de três minutos. Dentre os realizadores, destacam-se ícones como David Cronemberg, Roman Polanski, Ken Loach, Walter Salles, Lars Von Trier, Zhang Yimou, David Lynch e Alejandro González-Iñárritu. Diferentes estilos e abordagens, tendo como tema em comum o amor ao cinema. Ou a visão particularíssima de cada um sobre o assunto.

Numa obra conjunta, ainda mais uma tão fragmentada como essa, é até injustiça exigir perfeição de todos os segmentos que a compõem. Estão aí de exemplo realizações parecidas, como Paris, Te Amo e Crianças Invisíveis. E Cada Um Com Seu Cinema ainda tem como complicação extra a curtíssima duração de cada curta.

Apesar dessas adversidades, o filme consegue se nivelar por cima, ou seja, o número de bons curtas excede em muito o número de curtas insatisfatórios. O que se pode apontar é uma tendência pouco inovadora na maioria dos curtas orientais (alguns chegam a ser prosaicos). O de Wong Kar-Wai, por exemplo, parece um clipe publicitário de algum de seus longas. Já daqui da banda ocidental, merece um bom puxão de orelhas Gus Van Sant. Seu filme é, no mínimo, preguiçoso. Mas essas pequenas decepções são, de fato, minoria.

O grande destaque fica com o delicioso Ocupação, de Lars Von Trier, onde o próprio cineasta aparece no escurinho do cinema sendo torturado por um vizinho de poltrona inconveniente. Também merece aplausos a inteligente alegoria de David Cronemberg em O Suicídio do Último Judeu do Mundo no Último Cinema do Mundo. O título dispensa outros comentários. Provocação também é a marca registrada de Final Feliz, de Ken Loach, que apresenta novas e hilárias sinopses de estilos de filmes que vemos todos os dias em cartaz. Também chamam a atenção as surreais contribuições de Jane Campion e David Lynch – cujo nome, estranhamente, não aparece creditado no cartaz do longa.

Noves fora, o espectador de Cada Um Com Seu Cinema fica com um saldo positivo de olhares ternos, engraçados, críticos e muito originais sobre o amor pela sétima arte.

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