sexta-feira, 16 de maio de 2008

Longe Dela



Grant e Fiona são casados há 44 anos, mas seu relacionamento harmonioso e feliz é interrompido quando ela começa a apresentar sintomas do Mal de Alzheimer. Tentando preservar a dignidade aos olhos do marido, Fiona decide que o melhor para ambos é que ela se interne numa clínica. Grant não está confortável com a idéia, mas acaba por respeitar a decisão da esposa. Somente após trinta dias de adaptação os pacientes podem receber visitas e Grant sofre um grande baque quando finalmente pode visitar Fiona: ela não só o trata com distanciamento e frieza como demonstra afeição por outro paciente da clínica. Relegado à condição de um mero conhecido, Grant entende que tem que ter paciência e perseverança para reconquistar seu lugar no coração e na memória dela.

Longe Dela é um filme que vem sendo comentado há bastante tempo por conta da elogiadíssima interpretação da diva Julie Christie. A atriz ganhou o Globo de Ouro e o SAG (prêmio do sindicato dos atores) de melhor atriz e ainda foi indicada ao Oscar. Sem dúvida nenhuma, é uma interpretação de primeira linha. Mas trata-se de uma eficiência até meio evidente, porque de uma atriz com a experiência e o talento de Julie já se espera uma ótima atuação. Sem querer desmerecê-la, a verdade é que sua interpretação, por melhor que seja, não se compara à da vencedora do Oscar Marion Cotillard com sua arrebatadora recriação de Edith Piaf - a vitória de Marion foi justíssima. Por outro lado, a grande característica de Longe Dela é a homogeneidade de seu elenco. Gordon Pinsent e Olympia Dukakis compõem seus personagens com especial sutileza e emoção, fazendo um belo contraponto com Julie Christie.

Longe Dela é um filme realizado com competência. A atriz Sarah Polley, que já havia dividido o set com Julie Christie em A Vida Secreta das Palavras, estréia na direção com esse drama bem escrito e bem interpretado. Mas, ao mesmo tempo, o longa apresenta um argumento que deveria ser emocionante de uma forma tradicional, fria e até mesmo burocrática. Claro que a produção reúne uma série de qualidades notáveis, como a belíssima fotografia e um roteiro que mescla com bastante habilidade informações sobre a doença com seus efeitos emocionais sobre os entes mais próximos – neste caso, o desamparado marido. Toda a produção é revestida de uma certa elegância e distinção. Enfim, uma grande realização para uma jovem diretora estreante de apenas 29 anos.

Mas, ainda assim, fica uma sensação de expectativa frustrada. Talvez porque o foco se detenha um pouco demais na rotina de Fiona na clínica. Talvez por lembrar em demasia outras produções sobre o tema, como Iris e Diário de uma Paixão. Sinceramente? Longe Dela foi tão falado, aclamado e aguardado que eu esperava mais. Ao final da projeção, a história não tinha conseguido me arrancar uma lágrima. Nem um sorriso. Ou seja: apesar de sua dramaticidade óbvia, a trama me deixou indiferente. Fica a pergunta: por que um filme realizado com tanta competência não consegue emocionar?

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