sábado, 10 de maio de 2008

Homem de Ferro



Confesso que demorei um pouco para assistir a Homem de Ferro porque antipatizei com o trailer. Me pareceu um filme barulhento e excessivamente pirotécnico, desses que mandam alguma coisa pelos ares a cada cinco minutos. Sem contar que essa massificação cinematográfica em torno dos personagens da Marvel me cansa um pouco. A má notícia é que o filme confirma essa minha primeira impressão. A boa é que, apesar disso, consegue ser um entretenimento bem agradável.

O milionário Tony Stark é o maior fornecedor de armas do governo americano e um gênio em termos de mecânica, robótica e invenções bélicas. Quando não está em seu laboratório, vive uma rotina de drinques, festas e belas mulheres das quais ele não lembra o nome no dia seguinte. Mas sua vida muda quando, durante uma viagem ao Afeganistão, ele é capturado por um grupo de extremistas. Com o corpo cheio de estilhaços de granada que se alojam perto de seu coração, Tony é salvo por um outro cativo que cria um engenhoso sistema que liga seu coração a uma bateria. Os terroristas querem obrigar Tony a construir uma poderosa arma, mas ele consegue enganá-los e usa seu conhecimento e o arsenal deles para criar uma armadura que permite que ele empreenda uma fuga espetacular. De volta aos Estados Unidos, ele aperfeiçoa a invenção e decide dar um novo rumo às indústrias Stark. Mas sua crise de consciência vai de encontro a poderosos interesses.

Uma decisão que sempre me pareceu no mínimo temerária foi ter no comando do longa o ator de segundo escalão Jon Favreau, cuja experiência como diretor até então se resumia à aventura teen Zathura (2005) e alguns trabalhos esparsos para a TV. E vamos ser sinceros: nem analisando seu currículo como ator, alguém poderia prever algo. Afinal, o cara é sempre o amigo engraçadinho de alguém nos filmes. Mas Favreau conseguiu realizar um filme competente, bem acima da média – vide tosquices como Quarteto Fantástico.

Mas o grande diferencial de Homem de Ferro para seus similares não está na direção nem nos efeitos especiais e sim em seu protagonista, Robert Downey Jr. O ator finalmente deixou para trás aquela fase obscura em que aparecia mais no noticiário policial do que no cinematográfico e vem retomando uma carreira que era considerada brilhante até ele se afundar em drogas. Como Tony Stark, ele consegue equilibrar com charme e carisma as facetas de um herói imperfeito e egocêntrico.

Bem coadjuvado por Terrence Howard e um irreconhecível Jeff Bridges e tendo como interesse romântico uma Gwyneth Paltrow especialmente bonita, Downey faz barba, cabelo e bigode na tela. O filme é dele, do primeiro ao último fotograma. Que bom. A sétima arte agradece. Ainda mais considerando que nesse gênero de produção ter bons atores à frente do elenco costuma ser considerado supérfluo. Tudo bem que o nível de absurdo é imenso e, em certas passagens, Tony Stark faz o McGyver parecer um amador, mas a pirotecnia não chega a ultrapassar o apelo humano do personagem.

Homem de Ferro assumiu a liderança das bilheterias brasileiras em seu primeiro fim de semana em cartaz, ultrapassando um milhão de espectadores em dez dias. Além disso, o filme detém, até o momento, o posto de maior bilheteria em seu fim de semana estréia de 2008 (611 mil espectadores), desbancando Eu Sou a Lenda (525 mil).

Uma dica para os apressadinhos: aguardem o final dos créditos. A cena adicional é um petisco para os que esperam notícias sobre o aguardado filme dos Vingadores.

2 comentários: