sábado, 31 de maio de 2008

Duas Boas Opções nas Locadoras


Um filme que está disponível em DVD e passou em brancas nuvens no circuito em 2007 é Nação Fast Food. Talvez por conta de sua estréia ter sido no começo de outubro, ou seja, coincidindo com os últimos dias do Festival do Rio. Nesses casos, é normal que o cinéfilo fique desatento com o que rola no circuito normal. E, com isso, alguns bons filmes passam despercebidos.

Assim como nosso polêmico Tropa de Elite, Nação Fast Food é uma ficção que cheira a realidade total. Greg Kinnear interpreta um (a princípio) bem-intencionado executivo de rede de fast-food encarregado de investigar o porquê da carne de seus hambúrgueres apresentar alto teor de coliformes fecais (isso mesmo, meus caros!) ou, como diz um dos personagens, “shit in the meat”. O filme acompanha não apenas suas descobertas a respeito dos métodos do matadouro que abastece sua empresa, mas também as histórias de algumas pessoas que ali trabalham.

O filme é dirigido por Richard Linklater, que tem em sua filmografia trabalhos diversificados como a dobradinha Antes do Amanhecer / Antes do Pôr-do-Sol e Escola de Rock. Com uma abordagem meio documental, mas sem a frieza imparcial destes, o longa faz uma radiografia nada bonita dos hábitos carnívoros do povo americano. E olha que não estamos falando apenas de comida.

Por falar em Festival do Rio, um filme que eu assisti no evento e achei um barato foi Amor e Outros Desastres. Nunca mais ouvi falar dele. Até que, recentemente, remexendo um bancão da Blockbuster, descubro que já saiu em DVD. Há muito tempo. A trama gira em torno de Jacks, uma americana alegre e sofisticada que mora em Londres e trabalha na produção dos ensaios fotográficos da Vogue. Seu passatempo favorito é tentar arrumar namorados para os amigos, embora sua própria vida sentimental seja um caos. Sua principal vítima é Peter, um roteirista com problemas de auto-estima que vive relacionamentos imaginários. Quando o charmoso Paolo começa a trabalhar no estúdio da revista como assistente do fotógrafo, Jacks acredita ter encontrado o par perfeito para Peter.


Pela sinopse, Amor e Outros Desastres parece uma comédia romântica dessas bem bobinhas. E a presença de Brittany Murphy, que ficou conhecida por coisas como Recém-Casados, não ajuda nem um pouco a aliviar essa impressão. Mas não é preciso muito tempo para perceber que estamos diante de um filme bem mais espirituoso e original.

Jacks, personagem de Brittany, é caracterizada como uma versão moderna de Audrey Hepburn. Ou melhor, Holly Golightly, a própria Bonequinha de Luxo. E existem milhões de referências não apenas a esse filme, mas a vários outros clássicos (como A Malvada) e também às regras que vigoram em determinados gêneros de filme. Um exemplo do humor sofisticado que pontua o roteiro: quando Jacks comenta com Peter que uma amiga em comum, que escreve poemas terríveis, tem Sylvia Plath como ídolo, este comenta sarcasticamente que ela deveria procurar um forno. Ou quando eles discutem se a vida não poderia ser como num filme e Peter olha para a moreníssima Jacks e dispara: “num filme você seria loura”.

O estilo do filme lembra um pouco Sintonia de Amor (pela homenagem a um clássico) e Abaixo o Amor (no sentido de fazer um filme dentro das estruturas da comédia da década de 50), mas de um modo bem mais anárquico. Amor e Outros Desastres tem vários filmes dentro de um único filme, todos unidos por um roteiro redondinho e simpático. Uma dica: prestem atenção nos créditos de abertura.

Um comentário:

  1. AMEI Nação Fast Food. Mais uma brilhante atuação para o Greg que nunca me decepciona. A história é otima, realista e extremamente bem contada, com a seriedade, mas uma pitada de humor negro, nao deixando se tornar excessivamente séria.

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