sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Antes que o Mundo Acabe


Aos quinze anos, todos os problemas típicos da adolescência parecem insolúveis e terríveis e não é diferente com Daniel. A namorada Mim não apenas quer dar um tempo, como parece interessada em seu amigo Lucas – o que desencadeia um grande baque na amizade dos dois. O pai, um fotógrafo internacional que ele nunca conheceu, de repente começa a lhe escrever cartas e enviar fotos da Tailândia. Somados a isso, as dores, descobertas e inseguranças típicas da idade deixam Daniel ansioso para descobrir um mundo maior do que o contido na pequena cidadezinha onde vive e, ao mesmo tempo, já saudoso da infância que está sendo definitivamente deixada para trás.

Este primeiro longa-metragem de Ana Luiza Azevedo com toda certeza conquistará o mais sisudo dos espectadores. Sócia da Casa de Cinema de Porto Alegre, Ana Luiza é roteirista, foi assistente de direção em vários projetos de Jorge Furtado, dirigiu curtas e somente agora faz sua estreia na direção de longas com plena maturidade e segurança, numa trajetória semelhante à percorrida pelo próprio Furtado alguns anos antes.

Com uma história simples e muito bem escrita, o filme fala de reencontro, crescimento e separações. Narrado por Maria Clara, a esperta e muito curiosa irmãzinha do protagonista, a trama é apresentada sempre sob o olhar crítico e indagador de quem está na idade que não teme questionar, observar, descobrir. O elenco jovem está muito bem dirigido, o que dá um frescor incrível ao filme. No meio de tantas carinhas bonitas e talentosas, sobressai-se a impagável Caroline Guedes, que torna cada intervenção de Maria Clara na vida do irmão mais velho um momento de puro deleite. É muito legal ver um filme onde crianças e adolescentes parecem jovens reais e não adultos em miniatura.


O roteiro, escrito por Ana Luíza Azevedo em parceria com Paulo Halm, Giba Assis Brasil e Jorge Furtado a partir do livro infanto-juvenil de Marcelo Carneiro da Cunha, é redondinho, espirituoso e cheio de tiradas inteligentes, além aquelas inserções culturais engraçadinhas que são marca registrada dos roteiros de Furtado. A trama mescla momentos cheios de ternura com descobertas dolorosas, marcando o fim da era da inocência para Daniel. Talvez o único senão seja dar espaço demais às justificativas do pai ausente – ou melhor, inexistente –, mas isso não chega a criar um problema de ritmo. Outro acerto é não fazer do reaparecimento do pai um bicho de sete cabeças: Daniel reage revoltado, como convém em um primeiro momento, mas não faz um drama maior do que o que se espera de um garoto de 15 anos e logo a curiosidade supera a mágoa, mesmo porque a mãe é feliz no novo casamento e ele tem um padrasto muito gente boa.

O longa recebeu seis prêmios no Festival de Cinema de Paulínia, incluindo o prêmio da crítica de melhor filme do festival e o de melhor direção para Ana Luiza Azevedo. Um presentinho especial para quem tem mais de 30 é ver a personagem Mim cantando Beat Acelerado, um clássico absoluto dos anos 80. Mais um momento especialmente fofo em um filme cheio deles.

Um comentário:

  1. eu ja li o livro e posso garantir q ele entrou p/ minha lista de favoritos, ele tem tudo na medida serta sem faltar e sem exageros estou louca p/ assistir ao filme e pela sua descriçao com serteza irei gostar tanto do filme quanto do livro ..... ;)

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