segunda-feira, 28 de abril de 2008

Os Indomáveis


O mercado de DVD está cada vez mais rápido em seus lançamentos. Menos de três meses após sua passagem pelos cinemas, está chegando às locadoras Os Indomáveis. Ao contrário de Onde os Fracos Não Têm Vez – que reinventa o western usando seus elementos numa trama contemporânea –, Os Indomáveis trilha um caminho contrário: é um western clássico, que segue à risca todas as regras do mais americano dos gêneros. Pistoleiros habilidosos em conflito, um homem bom e corajoso explorado pelos donos da terra, ladrões de trem espertíssimos, xerifes nem tanto, códigos de honra e, é claro, seqüências inverossímeis porém espetaculares.

A história é centrada no embate de vontades entre o fazendeiro Dan Evans e o notório assaltante Ben Wade. Capturado graças a seu incontrolável impulso de Don Juan, Wade não pretende ficar muito tempo nas garras da justiça e sabe que logo seu bando virá libertá-lo. Afundado em dívidas e fracasso, Evans vê no dinheiro oferecido para fazer parte da escolta que porá Wade no tal trem das 3:10 do título original a oportunidade de virar o jogo a seu favor e, de quebra, provar seu valor ao filho adolescente.

Os Indomáveis não é um filme que se propõe a inovar, mas que realiza com eficiência tudo que esperamos de um longa do gênero, dando ao espectador a gostosa sensação de estar voltando às matinês de sua infância. O longa, aliás, é a refilmagem de Galante e Sanguinário (também 3:10 to Yuma no original), filme de 1957 que trazia Glenn Ford no papel de Ben Wade.

Porém há um grande diferencial deste para os filmes de antigamente: o melhor duelo do longa não está na rapidez dos revólveres e sim no jogo de cena impecável entre Russell Crowe e Christian Bale. Crowe está interpretando, e muito bem, seu tipo favorito: o do homem rude porém charmoso, machão até debaixo d’água. Ao contrário da impressão que ele passa em O Gângster (a de estar pouco à vontade no papel), aqui Crowe mostra que nasceu para esse tipo de personagem. Com Christian Bale a história é um pouquinho diferente: versátil em qualquer tipo de papel, Bale não se deixa intimidar pelo personagem menos glamouroso; pelo contrário, transforma seu Dan Evans no herói humano - nobre, porém cheio de falhas - com o qual nos identificamos. Impressionante seu olhar cansado e, ao mesmo tempo, determinado.

Outra coisa que chama a atenção é a ainda curta porém diversificada filmografia do diretor James Mangold. Num período de dez anos, o cara dirigiu - e com competência - coisas totalmente antagônicas, como o policial Cop Land, o drama Garota, Interrompida, a comédia romântica Kate & Leopold, o thriller Identidade e a biografia Johnny & June, além do piloto do seriado televisivo Men in Trees. E, agora, um western. É de tirar o chapéu.

A carreira de Os Indomáveis na telona foi um pouco prejudicada pelo fato do filme ter estreado aqui em fevereiro; ou seja, em meio aos principais candidatos ao Oscar – ao qual concorreu nas categorias som e trilha sonora -, mas o cinéfilo que prestigiar na telinha esse filme novo com jeitão antigo dificilmente se decepcionará. Ainda mais se for numa tarde de domingo e não esquecer a pipoca.

3 comentários:

  1. Tem gente que vai dizer que eu sou louco, mas gostei mais de Os Indomáveis que de Onde os fracos não têm vez.
    Muito pelo trabalho dos dois protagonistas, Crowe e Bale.
    Eu indico!

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  2. Também acho que não é para tanto Tito...rsrsrsrs.

    Belo texto!

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