sexta-feira, 18 de abril de 2008

Uma Chamada Perdida


Muito já se discutiu sobre os prós e contras da tecnologia. Nos dias atuais, temos todo um arsenal de meios de comunicação ao alcance das mãos e, no entanto, nunca estivemos tão isolados. Talvez porque essas ferramentas acabem se tornando também meios de triagem. Atire a primeira pedra quem nunca parou ao lado da secretária eletrônica para conferir antes se queria falar com a pessoa do outro lado da linha. Os celulares, de meros aparelhos móveis, viraram universos portáteis, onde o sujeito acessa internet, tira fotos, ouve música, assiste a vídeos e de vez em quando até usa para sua função básica: falar.

"Uma chamada perdida" é uma frase que todo mundo de vez em quando vê no visor de seu aparelho. Certamente é uma boa idéia criar uma história de terror em cima de fato tão corriqueiro. No filme, uma estranha onda de mortes mal-explicadas parece estar ligada pelo acontecimento, já que todas as vítimas receberam uma misteriosa mensagem de voz alguns dias antes de morrer. O bizarro na situação é que as mensagens vinham com a data de alguns dias no futuro (como logo se descobre, a data e hora exata que a pessoa viria a morrer) e o dono do telefone ouvia sua própria voz dizendo algo apavorante e incompreensível.

Uma Chamada Perdida é uma refilmagem de Chakushin Ari (2003), dirigido por Takashi Miike. Desde que O Chamado foi um grande sucesso, os remakes de filmes de terror orientais não param mais. Alguns melhores, outros piores; mas todos muito parecidos. E este não é similar apenas pelo estilo, já que a própria estrutura da trama é incrivelmente parecida com a de O Chamado. Para isso, basta trocar o elemento transmissor das mortes em cadeia: sai a fita de VHS e entra o telefone celular. Pelo menos, tiveram o bom senso de não usar nenhuma garotinha de cabelos escorridos. Para aumentar a confusão na torre de babel, ainda temos um diretor francês em seu primeiro filme americano e algumas cenas que parecem ter sido recortadas de outros longas de horror adolescente (especialmente Premonição e Pânico).

Em meio ao elenco de atores desconhecidos, vagueia um Edward Burns mais canastrão do que nunca. Isso sem contar os clichês habituais, como a mocinha que, mesmo morrendo de medo, entra num buraco escuro e vai de encontro aos terrores que ela já sabe que a esperam ao invés de esperar o policial que está a caminho. Mas isso nem chegaria a ser um problema grave. O filme tampouco é malfeito: o roteiro faz algum sentido, as cenas são dirigidas com competência e os efeitos são satisfatórios. O que realmente enche a paciência do espectador é a falta de originalidade total e absoluta. Ou seja: é uma produção que só satisfaz quem nunca viu filme de terror antes.

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