Quem freqüenta teatro no Rio, mesmo que não seja muito assíduo, já teve oportunidade de ver Thelmo Fernandes no palco. Com 41 anos de idade e 17 de carreira, o ator tem mais de 50 peças em seu extenso currículo, que inclui tipos tão variados como o divertido João Grilo de O Auto da Compadecida, o travesti Geni de A Ópera do Malandro e, atualmente, o truculento Creonte de Gota D’Água. Em 1986, Thelmo ingressou na faculdade de informática da UFRJ. Também entrou para um grupo de teatro amador e descobriu que levava jeito para representar. Já em um de seus primeiros trabalhos, Ah, Se Eu Fosse Rei, ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Teatro de São Matheus (ES) e o prêmio de ator-revelação no Festival de Teatro do Liceu do Rio. Seguiu com a faculdade, embora admita, entre risos, que tenha "começado a tirar notas péssimas". A profissionalização como ator ocorreu em 1991, através do curso da Escola de Teatro Martins Pena. Em 1995, conheceu Tanah Corrêa, que trabalhava com Antônio Abujamra na companhia Os Fodidos Privilegiados e o convidou para fazer parte da irreverente trupe, fundada quatro anos antes:
- "Foi aí que eu entrei na companhia e comecei a trabalhar com aquela pessoa louca e genial que era o Abujamra. (...) Ele dava material para as pessoas, elas dirigiam uma cena e, quando ele achava legal, incorporava ao espetáculo. Aí o João Fonseca fez uma cena do romance O Casamento, de Nelson Rodrigues, e mostrou para o Abujamra. Ele disse que estava tão legal que a gente podia fazer um espetáculo."
- "Foi aí que eu entrei na companhia e comecei a trabalhar com aquela pessoa louca e genial que era o Abujamra. (...) Ele dava material para as pessoas, elas dirigiam uma cena e, quando ele achava legal, incorporava ao espetáculo. Aí o João Fonseca fez uma cena do romance O Casamento, de Nelson Rodrigues, e mostrou para o Abujamra. Ele disse que estava tão legal que a gente podia fazer um espetáculo."
O Casamento foi aceito no Festival de Teatro de Curitiba, onde foi um grande sucesso, e ganhou os prêmios Shell de direção e figurino. Depois vieram O Auto da Compadecida, A Resistível Ascensão de Arturo Ui e Tudo no Timing, que ficou anos em cartaz e lhe deu uma indicação ao Prêmio IBEU de melhor ator. Mas estar há doze anos na companhia – hoje dirigida por João Fonseca – não impede que Thelmo trabalhe com outros diretores. Em 2001, retornou ao universo rodrigueano dirigido por Marcus Alvisi em O Beijo no Asfalto. Em 2003, quis o destino que o ator tivesse a oportunidade de conquistar um dos grandes papéis da festejada montagem de A Ópera do Malandro:
- "Eles me chamaram para fazer um dos malandros, o Philip Morris. Eu comecei a ensaiar, mas aí pintou um convite para fazer uma peça com o Luís Fernando Guimarães, e era uma proposta muito boa. Como a gente só tinha ensaiado uma semana, eu conversei com o Charles (Charles Möeller, um dos diretores) e ele entendeu que era uma oportunidade muito bacana. Só que já tinha um esquema de prováveis substitutos e tinham me escalado para a Geni. Mas eu não tinha ensaiado, nem lido o texto. Aí eu fui, mas a peça do Luís Fernando atrasou e na terça-feira da semana da estréia da Ópera me ligaram, dizendo que o Sandro Christopher teve um problema de saúde e que precisariam de mim para estrear como a Geni dentro de dois dias. Aí eu fiquei mudo! Depois falei tá bom, mas falei porque não dava para dispensar uma oportunidade dessas."
O pânico inicial deu lugar a uma performance tão segura que, restabelecido o titular do papel, foram mantidos os dois atores em dias alternados. Thelmo também participou das duas turnês portuguesas da peça (2005 e 2006). Outros destaques em sua carreira foram O Que Diz Molero e Édipo Unplugged – onde fez o papel do próprio. A coroação dessa trajetória impressionante veio ano passado, com a merecida indicação ao Prêmio Shell de melhor ator por sua performance arrebatadora como o Creonte do musical Gota D’Água. Dirigido por João Fonseca e de volta a um musical de Chico Buarque, dois fatores significativos em sua carreira:
- "Quanto ao processo do Creonte, foi muito especial. Foi um claro amadurecimento na minha relação de trabalho junto ao João Fonseca, o diretor. Nós trabalhamos juntos desde 1996 e desta vez foi um processo absolutamente objetivo e sem ansiedade. Creio que foi por isso que consegui chegar a este resultado do qual me orgulho muito."
Depois de lotar o Teatro Glória por vários meses, a peça reestreou no Carlos Gomes no princípio deste mês. Mas não é só. Thelmo já tem um novo desafio, dessa vez na direção:
- "Estou dirigindo um infantil chamado Um Amor de Espantalho, texto de Elbe de Holanda, junto ao GATIG (Grupo de Artes e Teatro da Ilha do Governador), grupo no qual eu comecei como amador. Recebi um convite deles após terem sido contemplados pelo FATE (Fundo de Apoio ao Teatro). Fiquei muito orgulhoso e feliz e com muito friozinho na barriga, mas está sendo ótimo. Estamos estreando dia 7 de junho na Casa de Cultura Elbe de Holanda na Ilha e em agosto estaremos no Planetário."
Quem não conferiu, ainda está em tempo. Gota D’Água (espetáculo já analisado aqui em 3 de abril) fica em cartaz no Teatro Carlos Gomes até 25 de maio. Quintas e domingos, às 19h; sextas e sábados às 20h.
Muito boa a entrevista! Fiquei curioso com o trabalho do ator.
ResponderExcluirCreio que vou ao Elbe Holanda.
Parabéns!
Érika, em primeiro lugar gostaria de agradecer pelos ótimos textos sobre a arte, como um todo, que tenho a oportunidade de ler em seu Blog.
ResponderExcluirEm segundo lugar, entendo que seja merecedora de todos os predicados que são dirigidos à sua pessoa, pois quem tem, e teve, a oportunidade de trabalhar com alguém como você,entende o que digo.
Fico muito feliz por mais uma demonstração de coragem e garra, que são marcas suas.
Parabéns pelo ótimo texto e por suas pesquisas.
Fábio Ramos.
Muito legal. O Thelmo é um grande ator e uma figuraça!
ResponderExcluirPARABÉNS, MEU DIRETOR DURÃO, PELA ENTREVISTA!
ResponderExcluirE, REALMENTE GOTA D'ÁGUA É UM GRANDE TRABALHO.
TOMARA QUE NÓS CONSIGAMOS, PELO MENOS, CHEGAR AO MÍNIMO DO QUE ESPERA DE NÓS!